Roma, Jan. 2017.
Meu caro amigo
Faz tempo que procuro um jeito de dedicar a essa a tudo isso algumas
considerações
Em especial, sobre essa minha necessidade incontrolável de te contar sobre
os caminhos pelos quais tenho passado
Não tem sido nada fácil, nada confortável, ter que lidar com essa
sensibilidade extrema
Sabe, ninguém perguntou como estão meus dias, nem mesmo se essa tal
felicidade tem me visitado
Ninguém me perguntou se estou feliz
Tenho carregado o mundo inteiro em minhas costas e essa bagagem tem
pesado um tanto mais que a mim mesmo
Nada que vem de fora me tem atingido, senão a sapiência das especulações
e da falta de amor próprio, além dessa sensibilidade e ansiedade extrema
Meu querido, você não tem noção do que a carência é capaz de provocar
As pessoas exigem amor e respeito vestidas de vaidade, insegurança,
ciúmes e egoísmo
É realmente lamentável vislumbrar tamanha discordância entre os
sentimentos
A posse, a inveja e até mesmo a falta de amor próprio, tudo isso cria uma
onda de negatividade terrível, apta a consumir até mesmo as melhores intenções
A carência e a necessidade de pendurar-se em outra vida distrai o foco da
realidade e acaba por deturpar o futuro
Confesso que não sei lidar com tudo tentando sustentar a razão costumeira
Quando o ser humano perde a individualidade dos seus sonhos e sentidos
passa a viver na aflição, na agonia, no sufoco
Por certo há de haver maior habilidade minha no sentido de contornar tudo
isso, mais que isso, há de haver empenho, por isso oro para não faltar vontade
de faze-lo
Roberta Moura
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