Quem sou eu

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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Simbiosiando



Eterna guerra-fria
Imbuída em palavras e gêneros
Procura, cascavia os papeis de minha mente
Tenta achar o que não vê
Não existe amor sem sorte, mas pessoas ávidas
O libertar é a conjugação sinonímia do Amar
Máquina fascinante que a movimenta, sem ela nada funciona
Tudo, que já era pouco se perde
Inocente aquele que não conhece a dor do amor
Todo amor é doloroso
Como a mãe que põe no mundo através da dor
Como o Deus que entrega o Filho a humanidade
Todo poeta é em se a simbiose da dor
Adormece no silêncio apreciativo da imortalidade
Sopra solidão e atrai olhares de certas e duvidosas curiosidades
Agente sempre acha...
Acha que sabe de tudo
Acha que já viu isso antes
Mas não consegue enxergar um palmo a nossa frente
Demente, pálida empáfia
Não demonstre tanto, não desmorone
Não faça ruir um mundo de possibilidades
Suporto o zelo da entrega nos meus ombros estalidos
Laxadas rugas no meu rosto me pronunciam
Abano minha face com o leque do desejo
Visto a roupa que me cabe, saiu para a guerra todos os dias
Entre o desigual e o incomum, prefiro o diferente
Não me peça nada que não possa dar
Não coma o que não aguenta digerir
Viva, construa, torne-se admirável
Verede pelos desejados passos dos ídolos
E assim, simbiosiando, vou criando calos nos meus pés, tecendo novas frases e palavras, desvirginando a noite, curtindo a madrugada
Acrescentando diariamente em mim letras vivas, parceiras da falta de lucidez

Roberta Moura


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Rimas pobres Rimas




Tenho procurado, curtido, sentido, falado
Tenho chamado, pedido, escrito, sonhado
Nada faz sentido, sentimento revel, descomprometido, isolado
Amor perdido no planisfério do meu céu
Quanto tempo faz, eu já nem me lembro mais
Solidão à dois, separados pela história, vinculados a perdas e vitórias
Quanto vale o teu sabor?
Artista do meu picadeiro, compositor de uma nota só
Adjetivos que se encontram ao léu, que lhe completa a incerteza
Brinca no meu quintal, arranca a roupa do meu varal e me faz rimas fáceis
Cospe na terra seca, voltarei antes que o céu se cure, que o dia amanheça, que seque as incertezas
Quando você quiser, quando me permitir regressar
Discorro palavras vãs, sugo mais que posso
Chupo o sabor frutífero da maçã
Aguardo
Espero
Procuro
Escrevo
E nada mais me resta
E nada mais me importa
...à não ser, alguém que tenha o que digo, que me chame, que me abra a porta, que me tome pela mão, que naturalmente chame minha atenção
De beleza necessária, de humor, de confiança, que traga nos olhos e na boca o escancarado sorriso de uma criança
Que não tenha medo de rimar, que não se apavore se eu demorar, que saiba ler meus sinais, que não distorça minhas intenções
Que me queira como mais que uma irmã, que demonstre, que exale, que não deboche das minhas inocentes tentativas de ludibriar o acaso
Que venha ser feliz comigo
E permita-se amar quem te ama

Roberta Moura

terça-feira, 24 de maio de 2011

Colcha de Memórias




Na mão, a linha e a agulha
Tentativa desesperada de unir as pontas, juntar o lençol que nos pertence
Passa a fileira pela fresta cingida da agulha, levando consigo um intuito, um designo
Costurando as casas que abriram com o tempo, limiar traçante que nos une
Sutura perfeita, de quem quer curar
Ziguezagueando pela avenida de seda da nossa sedução
Vestindo-nos para a batalha diária de viver
Despindo-nos no fim do dia, na beira do mar, esperando surgir os primeiros raios cortantes de um novo começo
Fantasias e capas, fardas e botas batidas, uniformes desenformados
E tudo mais que escondemos com o que nos veste
Para, em fim, chegarmos em casa, libertarmo-nos do mal primário pecador
Desde o Jardim do Éden, não somos mais os mesmos
Posso arrancar de você o que te persegue, carregado lastro de perversidade
Tirar-lhe a roupa, grelhar um frango, vestir teus pés de meias quentes, fazer-lhe as vontades
Passaremos a vida tecendo uma enorme colcha de retalhos feita de memórias
Pedaços do que somos, dos nossos sonhos, nossos anseios
Colar enormes tiras coloridas, deixando nosso cheiro, pintando borboletas
Não cederemos se à caso a linha romper, como já fizemos antes, emendaremos e recomeçaremos todo o processo de novo
Não puxamos o traço horizontal pelas extremidades, unimos as pontas e aparamos as arestas, nos esforçando por nossas verdades
Esculpindo a mais bela obra de arte
Estilha do nosso amor a vontade
Sem cobranças, sem limites traçados, sem regras a serem derrubadas
Não contamos o que ganhei, quem empatou ou o que você perdeu
Sabemos que somos muitas coisas, tudo isso
E que você tem um amor para a vida inteira, esse amor sou eu


Roberta Moura

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A Tentativa

 


Tentarei não tocar
Não prometer
Tentar acertar
Não viver para isso, soltar suas mãos, te largar
Tentarei cuidar mais de mim que de você
Não tecer minhas confissões
Tentarei ser só um, um ser normal
Não te assustar, largar meus desejos, não buscar
Tentarei falar de mim sem que para isso gaste você
Não lhe cobrarei um vintém de vida
Tentarei não observar seus sinais, sei que isso te fará bem e mal não me fará
Não escreverei cartas de amor nem folhearei os jornais
Tentarei não sufocar, não perguntar o que não devo saber
Nem mesmo continuarei dizendo o de sempre
Tentarei não me entregar tanto, te encher de "eu te amo"
Nem cruzar as ruas onde você costuma passar
Tentarei não frustrar seus ouvidos, pedindo palavras que você nunca poderá me falar
Nem mesmo vestir-me de festa, nem sonhar com você
Tentarei deixar você livre, como sempre você quis e fingiu ser
Não comentarei os seus limites, nem expor-los irei
Tentarei não fraquejar, seguir meu rumo, não te procurar
Não dormir seus sonhos, não mais te ligar
Tentarei não me enxergar na tua estrada, fingir que sou um nada, te alunar
Não ser nem em sonhos sua namorada, não estar mais lá
Tentarei cantar um novo canto, secar o pranto, sair deste lugar, parar de jogar
Não te levarei comigo nessa viagem, nem terei no teu peito o meu abrigo, esse amor que você não tem para dar
Não jurarei, não pensarei, não escreverei, não cantarei, não esperarei, não protegerei...
Só mentirei um pouquinho, até me acostumar


Roberta Moura


Desde a primeira vez




Tomo café da manhã com as letras
Na verdade, elas me acompanham noite e dia
Latejando em minha mente fértil
Peço expresso e brusquetas com azeite
Elas me pedem as mãos
Hábeis e decifráveis, traço linhas que me levam ao eunuco do meu existir
Viso de plano o amor, daquele que queria deslembrar
Cúmplices do meu amado, as letras e palavras fluem com minhas mastigadas
Suprindo o barulho das torradas que passeiam em minha boca, do café descendo goela abaixo, cumprindo sua jornada
Tateando as horas que ainda tenho, faço minha prece diurna
Prometendo o que posso, tecendo menções futuras de amizade e dedicação
Se não fosse assim, eu não seria
Elas nem me procurariam
Gastariam o vago dos olhares tristonhos, em busca de um algo a mais
Na fila do pão, do banco, na moça que injeta combustível no carro do senhor...
Passaria despercebido
Não seria um amor, seria um amigo, um colega, um conhecido
Namoro com você desde a primeira vez que te vi
Você que não percebeu
Refém desse sentimento todo, ambicionando o sossego
Desenho em formas arredondadas as letras que lhe dedico
Curto esse momento como quem acalenta o seio amado
Por algum tempo sinto sua presença aqui
Entre o papel, o grafite, a inspiração, o amor e eu
Surge mais um filho desse meu sentimento uterino
Mãe passo a ser desses rebentos que não pertencem apenas a mim
Mas a todos que comungam comigo esse bramido apaixonado
Provam do limiar arriscado da sentimentalidade
Superam-se, suplantam os demais
Amam com todas as suas forças e querem sempre mais


Roberta Moura


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Entre sonhos e anúncios





Se você o ama e ele não lhe ama mais, permita-se pelo menos viver o último conselho que lhe foi dado, cuide de VOCÊ
Verbalizando papéis musico a vida
A queda também tem que ter algum sentido
No mínimo, sentimos o sentido do efeito da gravidade
Olhando para o espelho, você gosta do que vê
Aqui, do lado de fora, é só silêncio e contemplação
Tudo isso vai cair um dia
Talvez “um dia” chegue cedo demais
Não esqueça que estarei aqui, para sustentar enquanto for possível
Enquanto meus braços suportarem o peso do seu coração
Bem aqui
Do seu lado direito
Do lado quentinho da cama
Junto da parede
Esperando você se chegar
Abra a janela e tente enxergar o mais distante possível, sem esquecer quem está do seu lado
Normalmente esse transtorno me pertence
Quase na totalidade do tempo eu que o pertenço
Somos grandes demais para prendermo-nos nas jaulas das paixões
Matrimônios frustrados, falsas confissões
Pretendo ler mais sobre o amor, conceitua-lo, pratica-lo
Dedicarei mais tempo a nós dois, e menos ao teu passado
Te ver é como estar perto ao ponto de poder tatear a ternura
E ao chegar mais perto, percebe-la nuvem
Sair cabisbaixo, sem entender a fome que ainda sinto
Contar nos dedos o que ainda posso fazer por você
Por alguns segundos penso em colocar um anúncio no jornal
No qual será escrito: Procura-se um amor para inspiração!
Ao fim do devaneio, percebo que sempre compararei você com os outros demais
Mas, “um dia”, nem antes nem depois da espera, na vinda desse fatídico dia
A gravidade fará cair em meus braços algo tão belo e contemplativo quanto o amor que tenho para dar
Desejará me ver por dentro, no espelho da sua alma
Não apenas perceberá, mas compartilhará tal sentimento
Gigante, vibrante, me fará forte, sem lamentos
E elaboraremos juntos um novo conceito de amar


Roberta Moura



terça-feira, 17 de maio de 2011

"Vilipendiando" um amor





Cheia de palavras quebradas para vomitar
Confusas informações tomam meu dia
Agonizando no fatídico cotidiano dos mortais
Querendo tudo
Querendo mais
Fatos e letras, excentricidade, política social, o bem e o mal...
Tudo que é intenso me atrai
Seduz minha essência a todo tempo
Faz de mim brinquedo da sua existência
Força dominante que constrói minha orbe
Destrói meu peito, forte feito diamante
Caço mais um bocado de sonhos
Matando um leão por dia dentro de mim
Esforço-me para não ser apenas mais um
Um só, só um, em mais um dia, só mais um
Toco a faca de dois gumes do meu querer
Deslizo meus pensamentos nos tons que se propagam no ar
Toro as cordas da viola que me aquece
Violo o silêncio do teu olhar com um beijo
Dominante, rasgo os teus pulsos aprisionados
Tomo teus braços a minha volta
Ao tempo que desejo repreendo
Sinceridade não é luxo, não é aplicativo acessório
É essencial, princípio inerente aos de boa fé
“Vilipendio” esse amor necroso que golpeia diuturnamente meu peito
Cadavérico Rock que componho em sua homenagem
Dias melhores virão
Sarcástico e bandido amor, instinto suicida da minha dor
Ontem fui verdade, hoje sou metade 
Aprendi a amar teus defeitos como um amaDOR
Falhando a todo tempo, ofertando sombra, sol, chuva, quem sabe um cata-vento
Me tornando gigante em face do que carrego no peito
Para torna-lo real, para que seja do seu jeito
Transpirando o teu sorriso em minha alma, sentindo a precisão do teu olhar
Mais pena que vive o meu amor
Caço suas mão na minha cintura e não as encontro
Perdidas, devem está abanando para o alto, buscando outros laços
Tomo uma xícara de chá de carqueja para digerir o meu desgosto 
Tento, mas não consigo esquecer os traços marcantes do teu rosto




Roberta Moura

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Jeito todo meu de ser




De mãos abertas
Esperando que caia de cima ou para baixo
Que grude o que quiser grudar
Sem maiores expectativas
Sem escolhas marcantes, mais para alimentar o que já existe, que para fortes mudanças na nuance
De boca fechada, contemplando o fleche de lucidez que minha azia trás
Sorteando um número telefônico para ligar, na perspectiva de fazer quem atender feliz
De pés descalços, sandálias nas mãos, carregando nas marcas das minhas expressões lugares e histórias, todas passadas
Procurando na minha palma mais um espaço para desenhar
Sou desse jeito, todo meu de ser
Sarcástica, vulgar, debochada, sensível, dramática, dependendo da hora, do tempo, do alguém, do lugar
Absolutamente capaz de viver, e de fazer feliz quem se permita me amar
Multipolar
Cansada de ir, bater e voltar
Escaldada
Sonhadora e Voyeur, um passo de cada vez
Não suportando que me digam o que fazer, que podem minhas marchas, que entravem minhas chances de chegar, o meu caminhar
Deixe-me viver meu amor, meus limites ultrapassar
Liberdade, clarão da minha mocidade
Construir uma casa no campo, cozinhar aos domingos para um bando, fazer caridade, doar meu sangue
Não se perca nas palavras, fale menos e viva mais
Silenciosamente cante uma canção olhando nos meus olhos, sentindo minha respiração
Ou pegue logo o beco, escolha a sua estada, esforce-se para dar certo, dedique-se a um “amor certo”
Sabendo que errados somos todos nós e nossos corações bandidos
Que se batem a todo tempo, mais que amigos, inimigos da solidão, da maldade
Que não dominam o libido nas palavras, sem limites nas declarações
Para que saber o que você quer de mim?
Não me interessa
Se ganho apenas com a oferta do tudo que tenho para dar
Não julgue inocentes nem bandidos, faça a sua parte, fuja comigo
E juntos seremos perfeitos, cada um de um jeito, completando-nos pelo avesso, nessas emoções que nos fazem flutuar
Evito os dias cheios de nada, produzir é o melhor remédio
Vivo diariamente na vanguarda dos meus desejos, capitulando, marcando hora para os nossos beijos acontecer
Para que você acorde desse nada e venha comigo se reinventar
Mesmo que surta pouco efeito, minhas tentativas atrapalhadas tendem a continuar


Roberta Moura


sexta-feira, 13 de maio de 2011

De perto e de longe, NÓS!




Quero viver com os olhos voando, mas preso em seus braços
Quero voar liberto do peso de minha alma
E acender tantos lumes do meu coração, quanto for preciso para que irradie ao mundo
Para enfeitar o beija-flor que pousa em suas mãos
Adocicando suas lembranças, seu viver, seu sonhar
Nos momentos de extremas dificuldades, quaisquer que sejam, alimento uma única vontade
A de nascer noutro dia
Diferente do que estou vivendo
Como individuo esperançoso, cheio de vida para doar
Essa espera é o que nos mantém de pé, me faz sonhar acordado
Vou nutrindo a possibilidade da realização destes devaneios
Sei que O PAI me segura nesses momentos me fazendo levitar
Como uma criança que teima em soltar as mãos da mãe para correr a sua frente, tento viver na propositura do amanhã
Mas, Ele me puxa com carinho e me coloca os pés no chão
Por isso, não me definho na tentativa de fugir de mim
Sigo
Hoje
E
Sempre
Pois sei, ou melhor, tenho certeza que a felicidade não é deste mundo
Mas, do nosso!
Siga bem, confiante que sou eternamente agradecido por sua paciência
Pelo companheirismo
Pela fidelidade
Pela cumplicidade
E amizade
E todas essas coisas que fazemos com a natureza dos puros de coração
Por que insisto em pensar que o caminho é muito mais importante que a chegada
Ela, a chegada, é sempre o ponto de partida de um novo começo
Se achegue em mim, e chegue sem pressa
O oceano é aqui, é ai, onde estivermos em sonhos e prosa
A terra firme também, onde escolhermos viver e plantar as sementes de um novo amanhã
Começamos e recomeçamos a partir do momento que percebemos que algo novo precisa encetar
As nossas asas, mesmo cortadas, nos possibilitam voar
Segurando-nos, agarrando-nos, odiando pelo avesso todas as incertezas da humanidade
Então, pensemos e causaremos
Causemos um novo início, onde o fim se perde, onde o amor prevalece
Onde todos poderão dizer, sem temer, o que dizemos: EU TE AMO




Roberta Moura e Balsa Melo


terça-feira, 10 de maio de 2011

Pés descalços a flutuar





Como um planeta que equilibra-se no nada, corre o amor por minhas veias, faz em mim sua morada
Flutua pela minha pele, de leve, me escreve em seu corpo
Permita que feche lentamente os teus olhos, pretendo ter teus sonhos em minhas mãos
Contar na ponta dos dedos o que posso comprar, viver o apogeu de tua satisfação, me doar
Trilho minha caminhada por ladeiras tortas e íngremes, tento me segurar em que docemente me dá a mão, quer me acompanhar
Cochilo quando posso, evito o adormecer para não perder um só sorriso manso, o linear longitudinal dos teus lábios apartando-se um do outro, esperando o meu sinal
Não sou risonha nem triste, ou artista, poeta de pouca estirpe, cantador que se deixa encantar
Canto palavras profanas de amor e imensidão
Para quem nem aparece, para quem cedo me esquece, para quem vive da minha prece, para quem quer me ver crescer
Tenho trocado moedas por pão, alimentado minha ânsia e curiosidade com letras trocadas ao vento, batidas do meu coração
Cabos de fibra óptica, telefone, internet, cinema
Corro de pés descalço ao teu encontro, como quem não pode esperar, perder mais tempo, suicidar o amor que se faz presente desde sempre, que precisa confessar
Parceira das coisas vencidas, corro contra a maré da solidão
Nessas navegadas distintas, “balsa o melo” da doçura da amizade, das coisa de irmão
Ele não há de abusar dos meus reclames, não faz mau juízo de mim, não me acha demasiadamente trágica, talvez, porque ele também é assim
Vivo em um mundo de realidade que por vezes mais parece devaneio
Sonho com a puberdade alforriada, de peito aberto, carregando em suas mãos a bandeira da liberdade, brasão da mocidade que nada teme, nada tem que temer
Para mim, basta um curto e quase imperceptível gesto, enviado de longe ou de perto, com movimentos precisos de quem quer ter para se, para que venha comigo para sempre as marcas desse olhar
Basta um convite mais doce, que de pronto pago o preço do castigo, do amor profundo de quem nada deve ao mundo, muito deseja e tem muito a aprender e a doar


Roberta Moura


segunda-feira, 9 de maio de 2011

Entre a Chuva e o Adolescer




Tempo de reclusão, acho que a chuva me trás

Contesto lentamente o trabalho, raciocínio manso
Surgem na mente as lembranças de quando era criança, o medo, o choro, colo aquecido da célula Mater
Os dias chuvosos me deixam ainda mais nostálgica
As tardes de papo para o ar, no adolescer da minha mente conturbada, ao som de Kid Abelha e Legião Urbana, de Leone e Mariza Monte, encantada com a Leitura inebriante nas palavras de Paulo Coelhos e Cecília Meireles
Outro ponto fascinante?
As amizades!
Dessa matéria posso falar como Mestrada fosse, das mais doces as mais duras
“Indecisas escolhas”, testemunha do acaso, dos desencontros, da limitação compassiva, do desejo sobrenatural, da fraqueza e da superação, mentes em construção
Sou testemunha do caos da cabeça dos adolescentes, idéias em constante edificação
Transe, hormônios e curiosidade a todo vapor
As palavras “nunca e jamais” ainda saiam da boca
Quem nunca passou por isso?
Quem ainda precisa passar?
Belas tardes de domingo na praça, regadas ao mais barato vinho, risadas e declarações
Somente caladas pelos fins de noites dominicais, que até hoje nos consome com um misto de expectativa e lassidão
Até hoje, perdidamente apaixonada pelo ser humano
Juras de amor eterno, falsidade é vidro quando comparado ao diamante do amor
Como quem espera o momento certo de dar um “bom dia”, aguardo essa chuva passar
Com os pés gelados, buscando outro para esquentar, nos braços do amado encontro meu lar
Hoje e sempre querendo muito mais do que a vida tem para me dar
Sempre exigente ao amor
Sempre rezo e acordo cedo, mas espero deitada o momento certo para levantar


Roberta Moura

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Insira o Sim

 


Síndrome da folha em branco, curar-me-ei com as letras que começo a espalhar agora
Respondendo a pergunta que não quer calar em mim:
-SIM!
Digo sim ao mundo, as crianças de pés descalços, a vida que brota logo ao lado
As plantas, musgos e flores do meu jardim
Sim aos garotos gordinhos que chamam minha atenção, as moças bonitas que requebram ao caminhar
Ao beijo na bochecha querendo escorregar, a conversa ao telefone, a conta errada no bar
Digo o mesmo para a menina que chora a pena do amor não correspondido, amanhã é outro dia, mas não perca o agora, porque o “hoje” não vai voltar
Digo sim os meus amigos, ao vizinhos de longas datas, ao moço da cantina, a birosca da praça, a conversa na frente de casa, ao sarro no portão
Digo sim ao amor antigo, as promessas de prego batido, a ponta virada do meu passageiro e criativo mau humor
As minhas retinas cansadas de trabalhar, a cerveja gelada esquecida no fundo da caixa de verduras, a minha cozinha amada, ao café e pão com manteiga, a conversa antes de deitar
Ao teu olhar que me liberta, a minha voz que exorciza, as promessas “cUmpridas” e não “cOmpridas”
Ao poder de usar minhas “aspas” quando quiser
Sou cheia de fases, igual a lua que me orienta, me desce para a terra, que me sustenta, sim para ela e toda a sua cobiça, vontade que me alimenta
Ao computador que escrevo e não me escraviza
Ao “dElatar”do meu olho na sua pupila, ao teu rubor, ao meu “escancaramento”
Sim as novas experiências, ao dia de ontem, ao de hoje, a minha inocência por ainda acreditar no amor
Ao perdão aceito, ao compromisso não desfeito, as coisas lindas que ainda planejamos executar
A inversão das coisas trazidas pela positividade, aos sinais invertidos e revertidos, em busca do bem maior
A tantas outras coisas...
Mas que, nesta ocasião, não me tomam tanto quando a vontade de te beijar e te ofertar o meu SIM até quando minha vida durar



Roberta Moura



quarta-feira, 4 de maio de 2011

Quem foi que disse?





Calor de inverno
Vento rasteiro e quente sopra nas minhas canelas nuas
Ares de liberdade, dessa que me faz viver
Deixo meu pulmão encher de ar, antes que eu encha de tudo
Transpiro o calor no mormaço do corpo agregado ao meu
Vivo sim, um paiol de sensações
Curto o longo prazo da espera
Que demora!
Conto as horas na expectativa
Converto tudo que vejo em sinais
A chuva que corre na janela a minha esquerda, o motor silencioso do carro, o poder de vida e morte centralizado em minhas mãos
Tudo é tão simples
Escuto aquela canção no rádio e pronto
Volto no tempo, apresso a chegada, piso mais fundo, reclama o motor
As vezes sinto que minha claridade chega a ofuscar
Quem não quer ver?
Quem quer enxergar?
Espécie escolhida para ganhar meu amor
Quem foi mesmo que escolheu quem?
Não fui eu, nem você, nem ninguém...
Nada é tão difícil que vença esse instinto
Essa certeza que assombra
Sintomas de vida eterna agrego ao seu olhar
Transparece no teu rosto as marcas da minha lucidez
O rubor das suas maçãs ao escutar aquela canção
Como quem tira a sua roupa, reluto para não colocar tudo a perder
Pouca razão nós temos, muito amor cultivamos
Mas, quem foi que disse que o amor e a razão combinam?
Quem foi que disse isso?
Seguramente, quem nunca amou assim
Quem nunca sentiu as minudências de um olhar, a luz, o sopro de vida na aparição
O gostinho do resto da saliva, os tiques, manias, o contato que arrepia a pele
A respiração deitada na fronte do colo, suave, profunda, tênue
Quem nunca pegou o celular para ligar de madrugada
Quem nunca desistiu por alguns instantes, pensou mais de uma vez e voltou atrás
Quem nunca pensou em jogar tudo para o ar
Quem teme conhecer o arrependimento
Percebo diariamente que vivo e dinfundo amor a todo tempo
O-pertenço desde sempre, sempre pertencerei
Meus dias são percorridos com passos lentos e precisos
Por um caminho que não sei onde vai dar
Mas, tenho certeza, em todo tempo, que sei quem vai me acompanhar

Roberta Moura


segunda-feira, 2 de maio de 2011

A Justiça feita?




Entre jegues, helicopteros e caças, quem é o jumento aqui?
Dizem que o pesadelo acabou
Dizem que o bem venceu o mal
Quase todos acreditam
Chegam até a comemorar
Enquanto a grande potência bélica do mundo caminhava em círculos, o moço “barbudo” se escondia montado em um jumento entre as falésias do deserto
Pregando um Deus vingativo e ao mesmo tempo justiceiro, planejando derramamento de sangue dos “impuros”
“Santa falta de tolerância”, dos dois lados, mesmo olho por olho dente por dente, pura Lei de Talião
Loiros de olhos claros morreram aos montes, a procura de um só homem, como se ele fosse o culpado de todas as mazelas do mundo, como se os patrícios dos exércitos não contribuíssem com a miséria e mais derramamento de sangue
Não me venham falar que a Justiça foi feita!
A justiça não derrama sangue, ela impede que ele seja entornado!
Ela presa pelo “entendimento”, pela “tolerância”, pela liberdade de “crença”
Não me fale que o mocinho está agora sentado na casa branca com sua bronzeada bunda negra muito bem apoiada à contar vantagem sobre seus feitos
Passaram-se dez anos desde o atentado das torres gêmeas, e até agora, muitas dúvidas sobre a competência de seu suposto cometimento ainda pairam no ar
Passou-se uma década e ninguém conseguiu provar a materialidade de culpa do “barbudo”
Tudo que se sabe são profecias cumpridas, palavras profanadas de sua boca em tons sarcásticos, cheios de ironias e parábolas
Agora me dizem que tudo acabou, que a terra está mais segura
Como assim tudo acabou?
Tenho para mim que hoje morre um homem e nasce mais um Mártir
Que suas profecias conturbadas e suas pregações servirão de exemplo para outros tantos pares de sua fé
Enquanto os “ianques” eram vítimas de um ataque bárbaro tudo era apenas suposição de culpa, alguém do velho oriente haveria de pagar
Agora que assumem com prazer a condição de assassinos, sim, porque é isso que se é quando se mata alguém, passam a ser, mais que nunca, alvo de futuros e totalmente previsíveis novos ataques
Que o "barbudo" pagasse como homem, não como herói
Nada mal para quem é o maior produtor de armas do mundo, a esperança é que essa economia volte a funcionar a todo vapor
Mais de 5000 famílias perderam seus filhos no Iraque e Afeganistão
O cômputo de custo benefício tem se intricado cada vez mais
Quem vai pagar essa conta?
Tenha a “Santa paciência”!
Conta outra...
Eles são os craques da fantasia, de Avatar para fenomenais perseguições e blefes acerca de sua economia nós já estamos cheios
Passaram dez anos para encontrar um senhor de meia idade, em um pequeno e pobre pais, sob o qual hoje possui grande influência e só conseguiram capitula-lo agora?
“Santa incompetência”!
Para que vale tanto dinheiro empregado em guerra?
Escorro as breves linhas mais como um simples e restrito desabafo, que um registro de tudo que penso e que vejo sobre tudo isso
Sim, sei que, se depender de um simples visto de entrada para passar as férias na Disney, o mesmo será de plano negado depois desse desabafo
Também, estou mais para Turma da Mônica que para Mickey, mais para feijoada que para McDonald’s, mais para Havaianas que Donna Karan
Vivo no pais dos meus sonhos, o qual é governado pela minha cabeça, produz riqueza através do suor do trabalho e diverte-se com a arte latente que corre em minhas veias
Essa é a minha religião, meu Brasão é a Justiça da liberdade, da igualdade e da fraternidade


Roberta Moura