Quem sou eu

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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Segunda




Segunda sem uma primeira?
Que dia estranho...
... o começo sem partida!
Tarde que me vence o cedo
Cedo que não chega quando o contador do tempo é o amor
Nunca é cedo, sempre é tarde? Ou nunca é tarde e sempre é cedo?
E por falar em você amor, vê se enxerga!
Que o cedo nunca é tarde e a espera é o lapso temporal que une o início e a volta
Por acaso, quando você vai chegar?
Como perceberei que você está de volta, se não sei quando você partiu?
Me seguro para não provocar o que me sustenta
Tempos conturbados?
Não
Tempos de diálogo!
De você em mim e eu em você!

Roberta Moura 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Nostalgia e volúpia






Pegue uma metade de mim e misture a você
Ponha mais um bocado de vida que já passou
Um tanto de vida que ainda virá
Uns desentendimentos bobos
Joviais buscas tolas que nos desataram
Coloque tudo isso em uma salmoura de nostalgia e volúpia
As veredas daquele lugar como testemunha
Talvez chegará perto do que somos nós
Nunca a certeza nos alcançará
Silencia o meu peito bandido
Aquela vista sempre me fascinou, mais ainda na última vez
Sem algemas, minha alma busca a tua liberdade
O meu corpo clama o teu querer
Minha alma calejada pede o frenesi daqueles dias de verão
Prisioneira de uma novela mexicana, “algemas da paixão”
Sedenta e saudosa de você

Roberta Moura



Um amor inteiro

Tela de Flávio Tavares




Um amor inteiro para dois
Dois lados da mesma face, duas medidas desiguais
Prometo não jurar
Não ofuscar o meu amor com mentiras lançadas ao eterno
Asseguro não desistir, até que o fim chegue
Serão todos convidados
Mas, ninguém sentará ao nosso lado
Macularão a nossa história, desejarão nossa vitória
Invejarão as nossas noites
Desde o último suspiro, tateio o resto de saliva em minha boca
Procuro no escuro do meu céu algo que me traga de volta a tal realidade
São tantos saltos gastos, soleira de sapato batidas no chão de calcário
Pés que se perdem nesse vazio de distância e complacência
Tempos modernos!
...Gritam aos meus ouvidos...
E tudo o que qualquer um desses deseja é um amor como o meu
Nada me acalenta ao ver o consumo demasiado de perfumes e roupas, bebidas e chocolates de quem procura um amor
Me satisfaz uma verdade bem(n)dita, um abraço apertado, ver filme na TV com os pés bem aquecidos e uma pequena porção de bom humor para adoçar o cotidiano
Frases feitas me repelem
Não suporto o clichê, as incertezas e desvios de personalidade
Quão fácil é amar, e quão difícil é essa tal procura, tal espera...
Esperar o quê?
Há sempre alguém amando e alguém querendo ser amado
Em qualquer esquina, por todos os lados
Basta olhar para dentro de si e fazer duas perguntas básicas:
O que eu tenho para dar ao meu amor?
O que eu preciso dele para ser feliz?
E ir a luta!
Muitas vezes retratamos nos outros nossas frustrações e desencontros conosco mesmo
Como podemos querer que alguém nos ame sem que para isso nós mesmos demos exemplo? Se em muito momento nós mesmos nos desconhecemos?
Amor perfeito, de novela, só dura uma edição!
Culpamos, apontamos, renegamos...
Sem saber que, enquanto em nós o amor for só visto pelo nosso lado, nada anda, nada amadurece
O amor é um verbo irregular, de conjugação bilateral, uniforme e indissolvível
Cujo conceito se escreve a cada dia, a cada momento de devoção ao ser amado
E a cada momento único como esse, percebemos que crescemos muito mais em dar que em receber 

Roberta Moura

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Mancharam o Rio Vermelho



Não me pergunte como estou!



Ninguém percebe o que está acontecendo?


Mancharam mais uma vez o Rio Vermelho


Dessa vez não mais com tintas, mas com sangue


Quantas famílias ainda irão pagar o preço do “Estado” de abismo que vivemos?


Quantas lágrimas ainda serão derramadas? Quantas mães lascarão de pranto suas íris? Quantas mentiras e balbúrdias trocaremos por voto? Quantos filhos chorarão a perca dos seus pais...?


Ontem foi comigo, hoje foi com ele, amanhã certamente será com você!


Não me bastam as letras, que não cabem mais em mim, meus gritos em frente ao caos


Nem mesmo a bíblia enfiada entre os braços dos que logo acima, bem na cabeça, almejam a desgraça do próximo


Não me basta receber auxílio velório, nem bolsa família, se a minha poderá ser lapidada a qualquer instante


Minha cidade é tão fascinante que abriga em seu seio, como se filho fosse, qualquer tirano


Entretanto, esquece que tirano não tem reino, nem mesmo receio, não tem brasão, e antes outro do que ele


Não se pode mais dormir com as janelas abertas, grades precisam estar muito bem cerradas, para que o sono venha tranqüilo


Nada disso sem antes esperar o filho chegar da faculdade, soltar o cachorro, ligar para os pais, beijar no leito de sonolência neto e tomar um frasco de Lexotan para fingir que está tudo bem


Não, não tem nada bem meu bem,


Tem gente morrendo pelas calçadas, tem gente achado que Crack é farinha, tem gente fazendo pirão com outra farinha, tem gente recheando bolo de erva daninha


Tem gente revoltada sem motivo, tem gente que se fantasia para achar um abrigo, tem gente que enche a boca para falar do que não sabe, tem gente que só quer falar a verdade...


... e mesmo assim, é incompreendido, muito embora leia isso tudo e finja que achou bonito, uma combinação torta de palavras e um coração cansado de tanta injustiça...


Corto o meu dobrado diário tentando espalhar mais amor e compreensão que raiva, antes isso que cortar os pulsos e fugir covardemente da responsabilidade a mim imputada por Deus


Tento muitas vezes nutrir nos outros uma felicidade que por horas foge de mim, mais não há nem haverá quem diga que eu não tentei


E todos acham que está tudo bem...


... menos eu!






Roberta David

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Classificados



Me reclassifique



Disponha, à sua escolha


Me classifique , em que mais posso servi-lo?



Amigo



Confidente...



Amante ou providente?



Demente?



Indecente?



Me qualifique...



Reclassifique



Me desclassifique




Me constitua



Me recicle


Me construa segundo a sua demência



Ou sua decência familiar



Mas que imprudência me desrespeitar assim



Sou seu Senhor, seu amor



Me constitua como seu único e eterno tutor




Classifique-me



Como seu eterno amigo do Orkut



Seu inimigo virtual




Seu prazer mais que carnal

 Sou seu companheiro de farra mais leal



O que de mim ainda cabe em você?



Você escolhe, veja se ainda consegue me perceber



Quando o amor era eterno, bastava um sorriso atrás do muro, um feliz natal na madrugada, resto de créditos gastados a qualquer hora, dar apenas um tok ao telefone



Quando o meu amor era bem vindo toda hora era hora, não bastava aqui e agora, o quanto antes era demais




Roberta David

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A Foto



Não é aquilo que sai de mim
Tampouco o que quero passar para os outros
Não é a capacidade digital da máquina
Nem a sombra criada pelo reflexo da luz
É o espelho do meu sorriso
A melhor visão que posso dar
Nem sempre o mesmo, nem o melhor ângulo
Depende de quem vê as minhas rugas de sorrir
O cabelo em desalinho, a piscada no momento errado, o coxixo
Retratos da saudade, no impossível, da hora certa, da recordação
Fotografias encostadas na parede das memórias
Dizendo o que eu fui, planejando o que serei
Um vale de intenções espera a revelação final
Espero o profissional que me libertará dessa rede de imagens
E que no fim me transforme no apurado e perfeito trabalho artistico acabado

Roberta Moura