Quem sou eu

Minha foto
Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Mancharam o Rio Vermelho



Não me pergunte como estou!



Ninguém percebe o que está acontecendo?


Mancharam mais uma vez o Rio Vermelho


Dessa vez não mais com tintas, mas com sangue


Quantas famílias ainda irão pagar o preço do “Estado” de abismo que vivemos?


Quantas lágrimas ainda serão derramadas? Quantas mães lascarão de pranto suas íris? Quantas mentiras e balbúrdias trocaremos por voto? Quantos filhos chorarão a perca dos seus pais...?


Ontem foi comigo, hoje foi com ele, amanhã certamente será com você!


Não me bastam as letras, que não cabem mais em mim, meus gritos em frente ao caos


Nem mesmo a bíblia enfiada entre os braços dos que logo acima, bem na cabeça, almejam a desgraça do próximo


Não me basta receber auxílio velório, nem bolsa família, se a minha poderá ser lapidada a qualquer instante


Minha cidade é tão fascinante que abriga em seu seio, como se filho fosse, qualquer tirano


Entretanto, esquece que tirano não tem reino, nem mesmo receio, não tem brasão, e antes outro do que ele


Não se pode mais dormir com as janelas abertas, grades precisam estar muito bem cerradas, para que o sono venha tranqüilo


Nada disso sem antes esperar o filho chegar da faculdade, soltar o cachorro, ligar para os pais, beijar no leito de sonolência neto e tomar um frasco de Lexotan para fingir que está tudo bem


Não, não tem nada bem meu bem,


Tem gente morrendo pelas calçadas, tem gente achado que Crack é farinha, tem gente fazendo pirão com outra farinha, tem gente recheando bolo de erva daninha


Tem gente revoltada sem motivo, tem gente que se fantasia para achar um abrigo, tem gente que enche a boca para falar do que não sabe, tem gente que só quer falar a verdade...


... e mesmo assim, é incompreendido, muito embora leia isso tudo e finja que achou bonito, uma combinação torta de palavras e um coração cansado de tanta injustiça...


Corto o meu dobrado diário tentando espalhar mais amor e compreensão que raiva, antes isso que cortar os pulsos e fugir covardemente da responsabilidade a mim imputada por Deus


Tento muitas vezes nutrir nos outros uma felicidade que por horas foge de mim, mais não há nem haverá quem diga que eu não tentei


E todos acham que está tudo bem...


... menos eu!






Roberta David

Nenhum comentário:

Postar um comentário