Quem sou eu

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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sei que é




Sei que é amor quando compartilho o chulé depois de um dia de trabalho

Sei que é amor quando o coração sente a falta depois de um simples “Tchau”
Sei que é amor quando penso em dividir com ele os filhos que terei
Quando não há uma escolha, mas uma cominação de destinos
Quando acho bonito o olho inchado de quem acaba de acordar do meu lado
Quando me reconheço nas belas letras das músicas de Chico Buarque
Sei que é amor quando sofro com a ausência, quando preciso viver a distância, quando volto para casa por merecer
Sei que é amor quando me recolho no silêncio, quando falo baixinho para ele aparecer
Sei que é amor quando reconheço a voz de longe, quando não basta o telefone, quando tenho o meu melhor a oferecer
Quando não enxergo mais nada, quando qualquer outra coisa torna-se página virada, quando o começo é o que temos para viver
Quando a busca se acaba, quando o par é a palavra, quando rompo o descanso e acordo na madrugada, só para observar você
Quando o tudo mais é passageiro, quando nos meus planos cabe o mundo inteiro, quando o pouco que tenho torna-se tudo o que nós precisamos para viver
Sei que é amor quando consigo juntar e rimar bola com cola, e fica bonito, quando o não que eu já tenho tenta encontrar o sim
Sei que é amor quando consigo enxergar em grupo, quando delibero algo que vale para além de mim
Sei que é amor quando não se arrisca, quando não duvida, quando não perde um dia se quer para a desilusão
Quando cantamos juntos, quando não ando só, quando o amor chega de mansinho e aperta o nó
Quando não nos separamos para viver as mais simples e belas experiências, quando nos permitimos errar, quando abortamos as coincidências
Quando vivemos sem ter que provar nada, quando o sorriso é a porta de entrada, quando não sinto medo algum do que possa aconteer 
Nada sei alem de breves rimas que o amor faz brotar no meu peito para me socorrer

Roberta Moura      

    


terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Carta que Falava o que não devia




Continue sempre assim...
...Estava escrito no final da carta carinhosa que uma amiga me remetera a tempos
Algo me chamou bastante atenção
Não era a concordância ou o tempo verbal do bilhete
Como assim, questionei-me bestificada?
Ela continuava: ...atenciosa, carinhosa, amiga e companheira...
Pensei, “continue sempre assim....”
Dessa forma que agrade a escritora daquela carinhosa e intencional mensagem (?)
Tenho alguns problemas com pedidos anacrônicos, tento fingir que não os escutei, tento ignora-los
Todavia, quem nunca escutou essa frase de algum colega, amigo ou namorado... “continue sempre assim”
Como se nós devêssemos ignorar o tempo que passa ao nosso redor, e mais ainda, tentar não evoluir com ele, impedir a melhoria, para agradar a necessidade de outrem, em ter-nos a sua acomodação 
Para que anime o requerente, devemos continuar sempre assim, estáticos no medidor do tempo que continua a correr
Como uma ampulheta quebrada, evitando que a areia passe, como um ponteiro congelado no relógio da vida, a disposição do querer de alguém que me quer assim, sempre assim
Tenho certeza que quando for dividir esse pensamento com mais alguém vai me dizer:
-Você não entendeu! É para você continuar assim! Assim, legal!
Legal é o escambau!
Somos seres em ativa prosperidade, desde que não durmamos no ponto e não deixemos o trem passar
Geralmente, pessoas que ficam de fora do trem, ao ver você passar, evoluindo de assentos, costumam gritar: -Continue sempre assim!
Para que as puxemos para dentro e ofereçamos a ela o nosso suado assento na janela
Na verdade, pessoas como eu, como o moço do carro novo amigo de Vanessa da Mata, como o rapaz do carrinho de mão, a vizinha que sai para trabalhar logo cedo e só volta para casa a noite, não nos contentaremos com a janela, porque o nosso lugar é a direção da sala de máquinas
Novamente me arrepio com a ignorância dos ditames da questão
Assim você pede que eu morra, aos poucos, na estagnação!
Que viva a quietude do passado, que nada muda, que vela a demora sem maiores perspectivas
Vai ver que a escrevente gosta de mim exatamente porque eu não paro
Porque, embora algumas vezes não consiga, estou sempre tentando progredir 
Tenho notado que esse tipo de comentário ocorre mais frequentemente quando estamos conquistando algo novo, na aprovação, ou nas felicitações do aniversário 
Não me peça para parar, não me impeça a evolução
Sou um animal sentimental que, na busca incessante pelo crescimento, que tenta por vezes apreender as emoções  
Amanhã ou depois, tanto faz, se posteriormente for o mesmo que hoje, ou o nunca mais
Quem me quer assim me quer agora, não quer o melhor para mim, não quer para o futuro, me quer com demora
E a demora leva tudo, a hora que nós temos, o futuro acertado agora, o que plantamos no quintal, a nossa história
Quem me quer assim não quer crescer comigo, me quer como um abrigo, para ter para onde voltar no conflito, a sua disposição
Como um filme que você rever quantas vezes quiser, que embora passe o tempo e o mofo roa seus limites pela borda, nunca mudará o final  
Tanto faz, se for para ser do mesmo jeito, a mesma coisa, não tenho tempo a perder

  
Roberta Moura


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Conversa de Botas Batidas



Essa conversa de chinelo velho para pé cansado não me convence
Mais parece que, por obrigação, é preciso encaixar o surrado com o envelhecido
Para mim, não possa de contra gosto do desejo
Apaziguar os ânimos, aquietar o coração ao invés de se somar a um grande amor
É necessário coragem para imaginar e entender que o ponto final da passagem vai além do que se possa idealiza
Caminhar, sem cessar, procurar um novo lado, o lado de lá
Voltar, sentir, tentar outra vez, não desistir, sem emburricar o destino, sem querer brincar de deus
Não é o ponto de chegada que importa, mas o apreendido ao longo do caminho
A terra batida carregada na soleira, de tons e texturas diferentes, que torna o calçado mais valioso
Gosto de arrumar em pares, de forma retilínea e metódica, saber que, onde um vai o outro vai atrás
Por puro querer, mais que qualquer carência do outro, por vontade
Os pés não precisam de sapatos para sobreviver, nem o sapato precisa dos pés, apenas convivem, apenas coadunam no caminhar
Bem diferente do par, que foi criado para aquele designo, precisão científica de ser metade de um só grupo
Que parece separado, mas que sempre estarão juntos, além do número que lhe marca o tamanho, além da linha, to couro e do tangente, além de quem usa, de quem joga fora, da linha, além da gente
A não ser que seja o Saci que o tenha adquirido, os pares não se separarão até que estejam totalmente gastos pelo caminho, pelo tempo, pelo uso, pelo destino ao qual foram lançados, desde o código de referência contraído na fábrica
Os pés, nem mesmo para serem fies servem aos sapatos, quanto mais pares melhor
Gosto de pares, de quem compartilha experiências, gosto de partilha, de semear a união, a alegria e a providência
Feitos da mesma matéria, os pares tendem a acabarem ao mesmo tempo, vindos de tantas viagens, cansados de carregar uma enorme bagagem, uma vida inteira em comum nas suas costas 
Luiz quinze e coturnos não combinam, sejamos francos, as estradas e as preferências são extremamente distintas, porque então insistir em junta-los, em calça-los em um pá de pés que mas parecerão aleijados(?)
Existe uma linha tênue entre a insistência e a perseverança que precisa ser observada para não ser ultrapassada
A perseverança é um ato de coragem, de transgredir a realidade na expectativa de lograr êxito na conquista, já a insistência é o ultrapasso do limite da perseverança
Tantas vezes acreditamos na insistência que ultrapassamos o lógico grau da falência, como viver nadando no seco, pelo amadorismo de não dá o braço a torcer
Assim como a grosseria e a sinceridade
Não gosto de pessoas que usam a sinceridade como desculpas para utilizar da bruteza, para agredir verbalmente outrem
O silêncio nunca é burro, é uma qualidade acessória que cai bem para qualquer sapato, até porque sua função precípua não condiz com a atividade de falar
Nasce para ser pisado e, geralmente, faz por merecer cada passo


Roberta Moura



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O que diria João, com seu humilde pé de feijão?



Me desculpe cidadão, mas feijão conta sim
Conta no prato da criança que precisa adolescer
Na vasilha para catar, para aliviar a fome
Para agente comer
Só não serve no aterro
Que lamúria tocar de novo desse desterro
Fantasia nossa aquele mar de feijão?
O que diria João, nem nos seus sonhos mais pueris subiria nesse seu “pé”, para essa imensidão?
Ficaria menos feio se fosse uma historinha, contada com “e”, e não com “h”
Lugar de semente é na terra nobre homem, para o velho plantar
Para tirar sustento, para se alimentar
Feijão no pé para ser batido
Para os desabrigados da seca, da chuva, desse eterno castigo
Para aliviar o sofrimento dos menos favorecidos
Nada justifica, o nada!
Absolutamente nada!
A não ser a cobiça, essa bandida, a ausência de prática do bem
Deixar estragar o que poderia alimentar, perecer o que deveria fazer desenvolver
O que é isso nobre cidadão?
Não consegui entender essa situação?
Para mim é de pleno tão simples e aplicável
Seria até menos gravoso se chegasse a ser cozido e devorado numa roda de amigos, bebericando de baldes a cachaça para acalmar
Tirando sarro com a nossa cara?
Mas o que é isso cidadão?
Arremessar no chão? Ou melhor, no lixão?
Injustificável essa sua lamentação
Rimas pobres te completam, não como político, nem como homem, muito menos como falso profeta, o que me decepciona é a falta de atitude, de comiseração
Nas minhas contas, gente assim acaba como deveria ser sido o fim daqueles famigerados grãos, no caldeirão
Me custa deitar no colchão e imaginar aquele mar de comida que sanaria tanta fome jogada na podridão
Mais ainda me incomoda ver os patrícios que discordam comigo, em troca de apadrinhamento político, nessa condenação, que é tão clara, tão simples, que busca solução 
Busquei as rimas mais pobre, que combine amor e sorte, para demonstrar minha singela indignação
Não é vergonhoso assumir que errou, indigno é viver na enganação
Não temo a perseguição, temo noite e dia a covardia, fui criada em um lar de Plena Harmonia, e aceito que tudo de mim retirem, menos o título nobre de cidadão
Da próxima vez, não esqueça, coloque o feijão de molho em uma panela com água aparada do cacimbão da indignidade
Não se esqueça de lavar a mão do coleguinha, apanhar a sujeira que ficou ao redor da mesa e aproveitar em tudo o que a feijoada tem para oferecer
Com o resto, faça uma lavagem, se não souber como se faz pergunte a um amigo próximo, ou conserve as sobras da para distribuir na próxima campanha


Roberta Moura


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Aqueles Moços



Cerre seus olhos por alguns instantes
Pense além do que lhe vem a cabeça e das palavras que enchem a sua boca
Como pôde, como pode fazer correr assim essas palavras inverídicas, lotadas de preconceito?
Envenenadas do nada, que submerge suas mentes vazias, cheias de desejo pelo mínimo de atenção
Verdadeiros homicidas, todos os que profanam o que não sabem
Discorrem sobre segredos assombrosos e assustadores, título de filme “Trash”, digno de “Tela Quente”
Falam dos matadores do pesadelo da prisão do corpo e da alma, sem saber do que raciocinam
O que sabe sobre eles?
O que enxerga além da ignorância que antecipa a sua testa?
Herege, é o mínimo que se passa pela sua mente?
É o máximo que você pode conectar logo que surgem as primeiras alusões
Teorias vãs, todas falidas pela verdade contida na história
E na verdade, enquanto você senta as suas nádegas volumosas na calçada de casa, ou no sofá, para ver a televisão, muitos desses Manos quebram a cabeça e o convencionalismo em busca da aplicabilidade do Bem Maior
Para garantir que pessoas como você e eu tenham o mínimo de Liberdade para expressar sua opinião, Igualdade para interpreta-la e Fraternidade para oferece-la
Pobre ilusão, penúria de espírito, fatídicas menções baratas de ignorância
Produto que apresenta característica idêntica a um mal que eles costumam combater, o preconceito!
Homens de bem, profissionais das mais distintas autarquias, todos retilíneos, Compassadamente Regulados no mesmo patamar, Obreiros do Cotidiano e Construtores do amanhã
Casa que une pensamentos distintos como Frei Caneca, Padre Feijó e Jamal Ad-Din Al-Afghani, fundador da Reforma Islâmica, por uma igreja livre, semeando a paz de Henri  Lafontaine
Que pode unir Walt Disney ao Palhaço Arrelia
Assim como Benjamin Constant é para a República e Rui Barbosa para o Direito, filhos do mesmo torrão, alimentados pela Iluminação, promoventes do mesmo Ideal
Mas, na verdade, nesse caso, não importa quantos degraus você subiu na escada de Jacob, porque não basta a subida para aqueles que chegam ao alto e tendem se jogar
Não é a sua blasfêmia que mudará o mundo, mas o posicionamento de pessoas como eles
A ignorância é o estopim que acende o fogo da barbárie
Para combater com o que não se conhece se ataca, essa complexidade generalizadora é burra
Tantas vezes sintetizamos e normalizamos, considerando, de acordo com a nossa vivência, com o que achamos que admitimos, por vezes ocorrer de serem parecidas com tantas outras, na verdade, todas as realidades, quais quer que elas sejam, são todas ligeiramente desiguais
No entanto, não há duas vidas iguais, não há duas experiências iguais no mundo 
Não há duas realidades
Por isso é que o mundo, tal como o percebemos, é, mesmo que imperceptivelmente, diferente do mundo como é notado por qualquer outra pessoa
Assim, cada um é fruto da visão que tem do mundo, é natural que seja única e irrepetível a matriz que estabelece a própria concepção de identificação de cada um de nós
É a estória entre o ponto de vista e a vista de um ponto, todas distintas
Cabendo a cada um de nós buscarmos o ponto circular de uma base segura que comporte o movimento do Compasso dos nossos dias, traçados pela linha Magna da Régua que nos Guia, no caminho longo e contínuo da Iluminação
Para que assim possamos identificar, no substrato de cada semblante, de cada Rito, de cada Sinal, o melhor caminho a seguir, a melhor forma de Servir
Aquele que se alimenta da água límpida não se importa com a quantidade que cai do céu, nem que a chuva venha lhe molhar, água será sempre água, e aquele que o ama, aos seus olhos, será sempre uma linda goteira
Somos filhos de uma só mãe, laços fortes e Fecundos de Generosidade e Bondade
Rogo ao G.A.D.U. que aqueles Moços continuem incansáveis obreiros, no trabalho pelo bem dessa falha humanidade, que abstraiam incansavelmente  que “tudo se aprende e nada se ensina”

Roberta Moura


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O vencedor




Diz-me se assim está em paz, ta tudo certo
Chama-me nos teus sonhos, alimenta tua vontade nos meus apontamentos
Basta,
Basta?
Basta.
Crer que aguenta...
Suportar é amar demais?
Pena!
Amar demais é amar a mais
Cada vez mais
É transcender, crescer na emoção
Que é bem melhor que crescer para os lados, feito uma baleia
Esguichando sensações pelas costas
Logo que o amor adentrou em campo, o campo converteu-se em amor
Tudo virou amor, toda agonia, sofismo tolo, espaço em branco, o que antes era solidão
Não restou mais nada em mim
É suave te amar, o pesado é querer-te pra mim
Assim como fazemos com nossos bichinhos de estimação, querendo transformá-los ao nosso bel prazer
A natureza dos bichinhos é imutável, a minha e a sua também
Largo-me no abismo que é pensar e sentir
Não resolvo, também não reluto, mesmo assim sou levada pelo sentir
Se eles te falam assim, cheios de subterfúgios é para te seduzir, para não te dizer
Não é para te esclarecer, não é para o teu bem querer, mas para confundir
Porque se o mal fosse direto, de pleno, rejeitaríamos
O ânimo para lembrar, é a aspiração de esquecer
O amor não se tem na hora que se quer, não se vende, não se compra, nem se escolhe a face que vier
Ele vem, chega, senta, olha e fica
Não prometo ponta virada e prego batido, asseguro retidão de pensamentos, companheirismo para toda vida
Tenho para mim que isso é a mais pura e forte forma de amor
Dividir a única vida que se tem com mais alguém
Já me chutaram o balde dos sonhos, renegaram minha dedicação, me esvaziaram o peito, não desejaram minha aferição, atentaram sangrentamente contra mim
Que bom
Graças a Deus
Quem sempre quer troféu, submerge a honra de chorar
A luta é sempre mais importante que a vitória, por que não há maior aprendizado que a dor
E quando se vê, tudo já passou
E nada ficou
A não ser a gana de lutar mais uma vez
Apreender mais uma forma de amor
Se dedicar


Roberta Moura


terça-feira, 9 de agosto de 2011

A noite que se esconde atrás das nuvens




Dias de sol, noites de consumação
Travesseiro que cobre pensamentos insanos, leve-os daqui
Presente de um passado tardio, que conjuga o verbo no futuro do pretérito
Se ia, se foi, se fazia, fizera, faria?
Já não faz tanto sentidos tomar meu tempo assim
Se além do hoje nada mais é abrigo para essa imensidão em mim
Cai a noite sobre uma cortina distinta de sonhos que contemplo da minha janela
Ao som das ondas e olfato marinho brinco até chegar o pensamento nela
Já é tarde, as nuvens se movem no céu, e nada, nada
Carrega para o leste suas gotículas, volta para o oeste, nuvens sorumbáticas
São todas elas sem rumo, com um céu inteiro para percorrer
Voltar para o nada...? Que blasfêmia dessa cobiça desvairada...
Quando, na verdade, somente precisam se espalhar no firmamento da liberdade  
Formas e desenhos traçados ao ar
Somente as nuvens carregadas aparecem a noite
Que curioso projetar nelas meus lamentos
O que elas poderão me responder?
Quanto mais longe estão, mas espaças
Que pecado, que má fortuna, mal olhado, in-consorte
Não podem contar com nada, a não ser o sopro de deus
Aquém clamam piedade, quem remete-as para a sorte
Fadário pesado a dela, que sorte a minha
Temos uma mão inteira laxada de destinos
Para onde ir nas estradas desses sucos digitais que compõe minhas mãos?
Quem seguir no Twitter?
Tantas possibilidades me distraem, entretanto um só destino me atrai
Professar a tua aparição, correr ao teu encontro, sonhar com a tua afeição
Se eu não dissesse com o olhar, se não te desse todos os meus dias...
Como você saberia? Ainda me deixaria escapar?
Pasmo flerte surge na minha alma, na espera, na esperança desse amor se eternizar
Que bobagem, ingenuidade a minha
A imortalidade se constrói a todo instante, caminhamos ao lado desse infinito que se esconde no cotidiano do amor
Os primeiro passos são sempre os mais difíceis, principalmente depois das inúmeras quedas que os antecedem
Rumo ao terno, essa marcha acabamos de passar
Veste a carapuça que te cabe, poeta do bom grado do amor
Visto o teu corpo, a minha mais perfeita combinação
Rasga o meu véu, cobre nossos pecados
Brinda a minha taça, cheia de prazeres ilíquidos
Sugira o jantar e o meu modelito que te agrada, leve-me para dançar nessa noite
Faça chover
Encarno o vagabundo que me cabe
Sustenta o meu frenesi com as tuas quimeras
Surte o efeito do teu espectro
Pendura na lua teus planos para amanhã, de quina para o ar
Cai no meu colo o peso do teu sono
Dormiremos até mais tarde, sonharemos mais, viveremos mais alguns segundos em paz
Brinca no meu quintal, sem pestanejar o que provoca
Bate na minha cara a habitação de cupins que jaz na tua porta
Sai de fininho, volta correndo
Faz birra, sufoca, chora baixinho no canto da sala, olha para mim com olhar de decência e complacência...
...Quase com pena de mim, esse apaixonado com ares de demência
Me ensina a viver
Solta o hino da tua garganta, clama a presença do meu consumo
Tomba minha face a tua apresentação
Me espera desfalecer, me leve para cama no fim dessa noite e saiba o quanto amo você  

Roberta Moura