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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A noite que se esconde atrás das nuvens




Dias de sol, noites de consumação
Travesseiro que cobre pensamentos insanos, leve-os daqui
Presente de um passado tardio, que conjuga o verbo no futuro do pretérito
Se ia, se foi, se fazia, fizera, faria?
Já não faz tanto sentidos tomar meu tempo assim
Se além do hoje nada mais é abrigo para essa imensidão em mim
Cai a noite sobre uma cortina distinta de sonhos que contemplo da minha janela
Ao som das ondas e olfato marinho brinco até chegar o pensamento nela
Já é tarde, as nuvens se movem no céu, e nada, nada
Carrega para o leste suas gotículas, volta para o oeste, nuvens sorumbáticas
São todas elas sem rumo, com um céu inteiro para percorrer
Voltar para o nada...? Que blasfêmia dessa cobiça desvairada...
Quando, na verdade, somente precisam se espalhar no firmamento da liberdade  
Formas e desenhos traçados ao ar
Somente as nuvens carregadas aparecem a noite
Que curioso projetar nelas meus lamentos
O que elas poderão me responder?
Quanto mais longe estão, mas espaças
Que pecado, que má fortuna, mal olhado, in-consorte
Não podem contar com nada, a não ser o sopro de deus
Aquém clamam piedade, quem remete-as para a sorte
Fadário pesado a dela, que sorte a minha
Temos uma mão inteira laxada de destinos
Para onde ir nas estradas desses sucos digitais que compõe minhas mãos?
Quem seguir no Twitter?
Tantas possibilidades me distraem, entretanto um só destino me atrai
Professar a tua aparição, correr ao teu encontro, sonhar com a tua afeição
Se eu não dissesse com o olhar, se não te desse todos os meus dias...
Como você saberia? Ainda me deixaria escapar?
Pasmo flerte surge na minha alma, na espera, na esperança desse amor se eternizar
Que bobagem, ingenuidade a minha
A imortalidade se constrói a todo instante, caminhamos ao lado desse infinito que se esconde no cotidiano do amor
Os primeiro passos são sempre os mais difíceis, principalmente depois das inúmeras quedas que os antecedem
Rumo ao terno, essa marcha acabamos de passar
Veste a carapuça que te cabe, poeta do bom grado do amor
Visto o teu corpo, a minha mais perfeita combinação
Rasga o meu véu, cobre nossos pecados
Brinda a minha taça, cheia de prazeres ilíquidos
Sugira o jantar e o meu modelito que te agrada, leve-me para dançar nessa noite
Faça chover
Encarno o vagabundo que me cabe
Sustenta o meu frenesi com as tuas quimeras
Surte o efeito do teu espectro
Pendura na lua teus planos para amanhã, de quina para o ar
Cai no meu colo o peso do teu sono
Dormiremos até mais tarde, sonharemos mais, viveremos mais alguns segundos em paz
Brinca no meu quintal, sem pestanejar o que provoca
Bate na minha cara a habitação de cupins que jaz na tua porta
Sai de fininho, volta correndo
Faz birra, sufoca, chora baixinho no canto da sala, olha para mim com olhar de decência e complacência...
...Quase com pena de mim, esse apaixonado com ares de demência
Me ensina a viver
Solta o hino da tua garganta, clama a presença do meu consumo
Tomba minha face a tua apresentação
Me espera desfalecer, me leve para cama no fim dessa noite e saiba o quanto amo você  

Roberta Moura



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