Quem sou eu

Minha foto
Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A Discordância Rotineira e o Altruísmo



Djavan diz que pedra não fala, que dirá se falasse...?

O que será que falaria...
Não saem do lugar, observantes, lacrimosas e zagazes pedras
Esse exagero que me toma, de vez em quando, me faz querer minutar com letras gordas, garrafais
Por vezes percebo o pedaço de pedra que há em mim, muito ainda a ser lapidada
As palavras são como chaves que rosqueam a caixa de pandora
Tentam, arranham, mas raras conseguem entrar e ficar, descobrir os segredos
Permiti-se escutar o outro é um dos mistérios que habita a alma dos grandes mestres, quero trilhar esses passos lacônicos
Cada coisa por sua vez
Tento calar cada vez mais
Tento escutar
Troco as informações anotadas no meu caderninho com outros pares de alma, busco-os pelo vazio desse universo místico e paralelo, que consome quem se alimenta de arte e do amor
Confesso que, as vezes, peço timidamente, um tempo para mim
Concordo, discordo e nunca me conformo
Sempre soube que não me adaptaria, não vou me moldar a toda a injustiça que vejo, que sofro, que condeno
Não me acovardarei!
A discordância legítima protege os pensamentos altruístas
A quietude que me atrai somente surte efeitos na alma quando voltada para um bem maior
Tento dominar as minhas mãos trêmulas em uma manhã de domingo, minhas pálpebras que pesam na segunda feira, o turbilhão de hormônios que me consomem na ovulação
Vou tomando o ritmo do cotidiano, sem desistir jamais, silabando a vida nos meus modestos versos
Somos pessoas parecidas, não que nos igualemos na “identidade”, mas no reconhecimento, valorização e métodos utilizados no processo singular de “identificação”, na busca de um ideal justo, suado, cansativo e validado pela ambição de viver
Silabados no plural, somos mil, somos cem, somos marginais em um sistema falho e corrompido
Sonegando informações subjetivas, vivemos longe do abismo da corrupção, jazemos na paz
Amassando o pão para o diabo comprar e comer, achando ele que é esperto, mas finos somos nós, por termos um Deus maior para obedecer
O mal em se paga os seus mérito, tantas vezes desejados a nós
Cumprimos o labor dos dias com um sorriso no rosto, amigos ao lado e um amor no peito
Tudo que não for amor passa, o resto é lenda
Sorrimos e andamos ao mesmo tempo, sem tropeçar, sem escorregar na maionese, surfamos nas nuvens sem tirar os pés do chão
Vivemos de realidades doces como um sonho de padaria
Cada um com o seu cada qual, montamos diariamente um famigerado coral de nuança e ofícios, subindo com pedras as paredes dos nossos batalhões
Levando na bolsa mentiras e verdades que compõe toda a fábula da humanidade, repetindo acertos, consertando erros, evoluindo nos medos, vivendo
Como o ator, que trás em si a angústia de ser vários, como o cantor que canta a dor e a alegria que tantas vezes não se faz presente em seu leque de experiências pessoais, como o compositor que desenha em palavras e sonâncias mitos e histórias de amor
Como eu e você, protagonistas desse teatro de memórias que é essa história em comum, tudo que temos para viver

Roberta Moura    



Nenhum comentário:

Postar um comentário