Quem sou eu

Minha foto
Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O que diria João, com seu humilde pé de feijão?



Me desculpe cidadão, mas feijão conta sim
Conta no prato da criança que precisa adolescer
Na vasilha para catar, para aliviar a fome
Para agente comer
Só não serve no aterro
Que lamúria tocar de novo desse desterro
Fantasia nossa aquele mar de feijão?
O que diria João, nem nos seus sonhos mais pueris subiria nesse seu “pé”, para essa imensidão?
Ficaria menos feio se fosse uma historinha, contada com “e”, e não com “h”
Lugar de semente é na terra nobre homem, para o velho plantar
Para tirar sustento, para se alimentar
Feijão no pé para ser batido
Para os desabrigados da seca, da chuva, desse eterno castigo
Para aliviar o sofrimento dos menos favorecidos
Nada justifica, o nada!
Absolutamente nada!
A não ser a cobiça, essa bandida, a ausência de prática do bem
Deixar estragar o que poderia alimentar, perecer o que deveria fazer desenvolver
O que é isso nobre cidadão?
Não consegui entender essa situação?
Para mim é de pleno tão simples e aplicável
Seria até menos gravoso se chegasse a ser cozido e devorado numa roda de amigos, bebericando de baldes a cachaça para acalmar
Tirando sarro com a nossa cara?
Mas o que é isso cidadão?
Arremessar no chão? Ou melhor, no lixão?
Injustificável essa sua lamentação
Rimas pobres te completam, não como político, nem como homem, muito menos como falso profeta, o que me decepciona é a falta de atitude, de comiseração
Nas minhas contas, gente assim acaba como deveria ser sido o fim daqueles famigerados grãos, no caldeirão
Me custa deitar no colchão e imaginar aquele mar de comida que sanaria tanta fome jogada na podridão
Mais ainda me incomoda ver os patrícios que discordam comigo, em troca de apadrinhamento político, nessa condenação, que é tão clara, tão simples, que busca solução 
Busquei as rimas mais pobre, que combine amor e sorte, para demonstrar minha singela indignação
Não é vergonhoso assumir que errou, indigno é viver na enganação
Não temo a perseguição, temo noite e dia a covardia, fui criada em um lar de Plena Harmonia, e aceito que tudo de mim retirem, menos o título nobre de cidadão
Da próxima vez, não esqueça, coloque o feijão de molho em uma panela com água aparada do cacimbão da indignidade
Não se esqueça de lavar a mão do coleguinha, apanhar a sujeira que ficou ao redor da mesa e aproveitar em tudo o que a feijoada tem para oferecer
Com o resto, faça uma lavagem, se não souber como se faz pergunte a um amigo próximo, ou conserve as sobras da para distribuir na próxima campanha


Roberta Moura


Nenhum comentário:

Postar um comentário