Quem sou eu

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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

domingo, 29 de abril de 2018

Oceanos móveis

Lisboa, Jan/2017

Silenciosa noite em terras Lusitanas
Debruçada no parapeito de uma janela toda azul eu olho o tempo passar e somente a demora chegar
Mas, uma hora ou outra ele chega, sem fazer alarde, como quem não quer nada
Soltando mil impropérios para tomar meu tempo, minha imagem, minha imaginação
Chega sedento mas propositalmente acanhado, como quem pisa em ovos
Tomando minha virgindade das palavras, coisas que jamais falaria para qualquer outro alguém
Chega para provocar
Desço do salto e empunho na mão esquerda uma xícara de chá fumegante
Engulo cada palavra que ele fala, rasgando a garganta com chá quente e torpor
Fito a sua fala com um olhar que me entrega toda
Olho sua boca e sinto cada visgo daqueles lábios passeando sobre o meu corpo
Minha imaginação me faz pecar a cada segundo que deito os olhos sobre ele
Ele me quer, eu penso, ele me quer eu confirmo
Entre uma palavra e outra ele provoca meus sentidos, chega mais perto, posso senti-lo
Entrelaçando esse sotaque lúdico com a minha vontade de cala-lo com um beijo
Chega mais perto, pede para ficar por essa noite, dormir e acordar aqui
Eu, eternamente rendida aos seus encantos, mais uma vez cedo a sua sede
Não me faço de rogada, a timidez não visita a nossa nudez, não conta conosco
Irreparáveis!
Irreconhecíveis quando unidos
Incompreendidos...
Nada mais importa quando embaraçamos as pernas e o coração
Ninguém mais
Somos só nós dois, novamente e eternamente nós dois
Fazendo o que ninguém mais faz com tamanha maestria, sem precisar de ensaios, sem manual e instruções
Somos nós dois, dois iguais e distintos amantes, aprendendo e experimentando tudo juntos
Incorrigíveis!
Ele fala para eu não me preocupar
E eu encho novamente a cara de chá
A cabeça dele, todas as borboletas que enxergo desfilar sob ela, tudo isso que me confunde e clareia o presente, nada que substitua sua presença em minha vida e a minha na dele
Cumplicidade!
Ele reclama da minha pressa pela vida, eu reclamo do seu sono, juntos nos calamos contemplando cada segundo da nossa presença
Não vale a pena a discussão, não vale a pena a perca de tempo
Quando se quer beijos, pernas, mãos, olhos, cheiro, movimento
Quando se quer tanto alguém há tanto tempo que não resta mais nenhuma alternativa plausível que vença a vontade de ser, de estar
Não há oceano que separe duas vidas que nasceram para se fundir
Se houvesse, seria oceano móvel, porque daríamos um jeito de tirar do caminho
Não há medo nem desentendimento que abale a confiança
Ele me conhece e eu o conheço tanto que até seus defeitos tornam-se adereços da sua plenitude
Amanhã ele vai embora, volta a sua realidade pesada e cansativa, comigo na cabeça, no corpo marcado e no coração
Sou sua mulher, sempre serei sua mais fiel confidente, seus ouvidos mais atentos, sua parceira, sua compreensão desmedida, seu amor para toda vida

Roberta Moura




sábado, 28 de abril de 2018

Incorrigíveis



Incorrigíveis
Nem o receio nem as ameaças apagam o que nasceu para brilhar
O mundo é apático e não permite flexibilidade, não demanda evolução
Me pego devorando ele com garfo e faca, delicadamente
Nem mesmo o medo muda o desejo de estar, de ser o que se é, de quem se é
Quem além de você?
Tenho dormido pouco e sonhado muito
Prometendo além de tudo, tento no fim das contas cumprir o que guardei para mim
Porque é o meu desejo mais profundo, algo não escrito por mim, mas pelo destino que insiste em se cumprir, que lateja e quer ficar
Algo que não se tem controle, que nunca foi vestido de rédias, não sabe o que é prisão
Nosso claustro é nosso abraço e essa é a única chave que desejo perder
Para que a gente cole de vez, em um teto só nosso, onde a palavra de ordem seja o amor e o pronome que nos defina seja unicamente na primeira pessoa do plural
As vezes o amor precisa ser egoísta, na medida em que tenta ser executado
Não me diga o que fazer, não me coloque palavras na boca
Dessas que eu não quero dizer, que não quero fazer, não me peça o exílio
Somos mesmo incorrigíveis por natureza, lutando um pelo outro, desesperadamente e silenciosamente
Ardendo em febre e segurando as lágrimas
Contando as horas no desejo da mais plena liberdade
Detentores de uma sensibilidade e fragilidade feito casca de ovo, intocáveis
Que no nosso jardim sejam regadas as flores de todas as nossas estações
Como um desenho bonito e pintado que relate os caminhos por onde passamos, a métrica que aprendemos com o tempo
Que elas pousem para o sol tal qual a sua foto mais bonita na parede do nosso quarto de dormir
Que eu aprenda a lidar com minha impaciência até o breve chegar

Roberta Moura




sexta-feira, 20 de abril de 2018

Sobre um escritor

João Pessoa, abr/18



Apenas me deixe escrever
Peço apenas isso
Ninguém precisa ler
É preciso entender que o escritor escreve muito mais para ele que para os outros, que para o seu mais fiel leitor
Presentemente essa tem sido a minha mais forte aliança
Atualmente tem sido o caminho mais seguro, o mais agradável
Secretamente escrevo, inutilmente e esporadicamente publico, eventualmente regozijo
Tem tanta coisa passando pelos meus olhos, tantas letras, pessoas, sentimentos, sentidos, planos
Tanta coisa mudando o tempo todo, que escrever torna-se um hábito de demarcar o presente para que eu possa ao menos entender onde estou, para que possa ter parâmetros de para onde devo ir, e onde de fato preciso chegar
A vida é tão confusa, tão inesperada para aqueles que se atrevem a deliciar-se em todos os seus sentidos, que escrever torna-se apenas um dos contextos mais simples, tradicionais e cafonas
Não que escreva sobre as verdades, longe disso, escrevo sobre tudo e sobre o nada
Não tente entender as frases, muito menos o que falo sobre o escritor
Com uma cortina de verdades, desejos, planos, ilusões e espiritualidade transforma-se a união de letras em sentimentos criptografados
Escrevo com letras que não inventei, imito palavras que tentam traduzir o sopro de vida que habita em mim
Pequeno e suave vento que sopra na minha alma, com um aforça tamanha que não consigo controlar
Por vezes incompreensível, mas que, como um guia, desenha em letras arredondadas uma estória que se confunde com a história
Tudo verdade, nada mais que ilusões
O amor torna-se no entanto a inspiração maior de tudo isso
Um rosto, uma voz, um toque, um aperto no coração, uma esfriada involuntária na coluna
Uma cena na rua, uma dor de cabeça, enxurrada de palavras acumuladas que estão socadas na boca e não podem ser liberadas
Tudo se torna motivo
Um silêncio provocado, um cochilo prolongado, a dor de barriga, o ciúme inconteste, os planos para um futuro distante e os amores do presente
Tudo é "anotável", inclusive o nada e os gritos estranhos na minha cabeça
As cartas já não chegam mais com frequência, todos temem o risco dos atuais "prints", dos endereçamentos trocados, do cruzamento de informações
Todos, menos o escritor
Aquele que narra cenas vividas, observadas, anotadas, presenciadas, confidenciadas
Quase um sacerdócio pago com o silêncio da fonte e o grito desagradável de um coração incontrolável
Não queira, não deseje esse suposto privilégio que é escutar demais, dos outros e do seu coração
E dentre esses, o que mais reclama é o átrio pulsante que lhe bombeia a vida
Briga o tempo todo com a massa cinzenta que tenta sufocar seus mais loucos anseios
Coração é terra de ninguém, não tem controle, não mede esforços, os riscos
Sendo assim, chego a tórrida conclusão que o coração é burro!
E tende a ter como aliado o escritor, que por sua vez é outro burro...
Passa a vida tentando justificar as razões do primeiro asno, dando-lhe razões que não lhe cabem, oferecendo álibis inexistentes
O escritor é o advogado do coração e súdito do amor
E o sustenta com toda maestria, que mesmo vislumbrando tantas vezes a futura e total improcedência dos seus pedidos labuta em sua honra incansavelmente

Roberta Moura






Dance comigo




Silencia no teu peito esse desejo contínuo e latente
Pega na minha mão e segue o meu caminho
Você sempre soube o que fazer, comigo e com a nossa vida
Dança comigo hoje, enche meu copo de cerveja e minha boca de beijos
Encaixa teu corpo no meu, hoje seremos só um, mais uma vez
Não me faça silencio, não me provoque a ira da insegurança
Apenas dance comigo, hoje, aqui, em silêncio
Dance
Pegue na minha mão, me segure pela cintura, toque minhas costas e dance nosso paço
Tire meu fôlego, faça o que só você sabe fazer, do jeito que só você sabe fazer
Me faça quem sou, me descubra dos resquícios de pudores que ainda posso ter
Faça à nosso modo
Salientemente,  silenciosamente, corriqueiramente, perfeitamente, conscientemente
Não me deixe dançar sozinha, não me abandone novamente, não me faça girar solitariamente embriagada no salão
Encosta a tua pele na minha e deixa o resto com a natureza
Seja o meu amor da vida, toda vida, a vida toda
Assuma seu compaço, seu espaço, me encha o copo, me aperte contra a parede e me diga seus motivos
Ninguém nos vê aqui, ninguém nos percebe, nos enxerga
Estamos dentro de nossas cabeças e corações
O lugar mais seguro que existe
Tire a armadura, sua roupa, destrave e dance comigo
Só hoje
Amanhã seremos análogos para o resto do mundo e nunca mais os mesmos dentro de nós
Mas só hoje, dance comigo

Roberta Moura




Quando ele me chama de amor

Perco a hora
Falha a voz
Arrepia
Quer chorar de felicidade
Torno-me corajosa
Deito em sua cama
Lhe massageio o ego
O desejo
Silencio
Retribuo
Conto as horas
Faço planos
Adormeço
Peço para não ir
Fico
Espero
Faço foto
Limpo a casa para nosso encontro
Trabalho incansavelmente
Me deito
Durmo contente
Acordo com saudades
Beijo
Beijo novamente
Beijo mais uma vez
Aperto
Sonho acordada
Vivo feliz

Roberta Moura





domingo, 15 de abril de 2018

Corredores



Teste para cardíaco
Abriu-se a Caixa de Pandora de sensações, de coisas que há tempos estavam emoldurados na parede da minha sala
Um parto foi iniciado
Dizem que o que os olhos não veem o coração não sente
Sábio ditado!
Quer saber o que os olhos do coração veem sem querer?
Quase ninguém quer...
Posso tentar traduzir
Um suspiro por falta de fôlego, uma vergonha sem tamanho, querendo ser uma ema e enfiar a cara na areia
Como se não existisse, um grão minúsculo, imperfeito, humano demais, sensível ao extremo
Nossa, que absurdo de sentimentos
Quer sumir, cavar o chão, desaparecer
Quer chorar, avançar no pescoço, esmorecer
Raiva, dor, agonia, taquicardia, mão gelada querendo uma cara para bater
Mas bater em quem? Porque? Ninguém merece isso...
Esse coração só quer parar de doer, aqui, na seção de frutas desse supermercado
Quer acreditar de novo, mas custa tanto e as vezes tão pouco
Não faz isso comigo coração, não faz isso com você
Não apareça assim feliz, diante dos meus olhos, sem estar comigo ao seu lado
O coração reclama e quem paga o pato sou eu
Aqui entre peixes mortos e abobrinhas eu rezo para desaparecer
Coração, como te explico isso? 
Tem que aquietar, tentar explicar o inexplicável, acalmar
Eu só tinha que carregar um carrinho no meio desse supermercado francês, fazer minha parte e ir embora
Basta uma palavra errada, uma desculpa esfarrapada, uma verdade maculada, para voltar a sofrer
É mesmo uma arte o amor, onde se quer tudo e não se pode exigir nada

Roberta Moura


Astro Rei



É você quem manda
Sempre mandou
Coordenou tudo ao seu tempo
Desenhou meu corpo ao seu jeito
Você é minha fotografia mais bonita, meu reflexo sem presença, um outro eu
Fez tudo que queria e eu estava lá o tempo todo, aplaudindo, achando tudo lindo, como sempre
Cumplicidade, em todas as horas, durante tantos anos, tantas vidas passando entre nossos olhos
Sempre juntos, mesmo separados, sempre unidos, mesmo discordando
Sempre os mesmos, mesmo "mundando" , sempre amando
Confiando, mesmo depois de tantas falhas
Vivendo como os mesmos de antes, mesmo sendo outros
Se o resto do mundo soubesse como é bom beijar o nosso beijo pararia de guerrear e pediria tutoria
Não é o gosto da boca, é o gosto do amor
Quem ama quer cama, pede ao tempo para parar
Pede para não envelhecer, para a hérnia parar de doer
Astro Rei, assinala nosso caminho e eu te sigo
Fiz um acordo com o amor, nem eu o persigo, nem ele foge de mim
Desse modo, deixamos tudo às margens do tempo, e um dia a gente se encontra
E o mundo todo vai parar ao nosso redor para conosco aprender o que é amar

Roberta Moura


Uma carta para uma garota


Minha garota
Essa era só para ser uma carta de amor
Dessas escritas à lápis em papel colorido, desenhando em linhas irregulares a minha saudade
Mas quando penso na distância entre os nossos corpos, quando as minhas mãos tentam traduzir tudo isso em letras, percebo que não é apenas isso
É sentido e sentimento materializado
Que une dois continentes como uma pangeia
Já não cabe mais somente dizer que te amo e o quanto eu gosto de você
Já não sei mais o que fazer para atravessar o córrego ao redor do castelo do seu quarto
Não vale mais apenas escrever o quanto amo o seu cheiro, o seu suor, a sua pele gelada e pálida, o nosso humor debochado, se a distância tenta nos evadir
Não vale apenas o meu encanto, meus exageros, nem os nossos olhos ilegais
Quanto vale o nosso encontro?
Nosso reencontro?
Nosso preço?
Nossa fixação?
Vale o silêncio de tudo o que se sente
Vale a responsabilidade de amar aqueles que te amam e te rodeiam
A inocência e o deleite de confiar e apostar piamente no outro e que tudo ficará bem, mesmo depois de tudo
De tudo isso resta a certeza de um amor eterno e sem tamanho
Puro, livre, surrado, lapidado e desnudo de pudores
Tão desnudos quanto nossos corpos balançando sob a rede
Ahhh... vivemos um amor revestido da certezas do perene, com nuances de um carinho dengoso e preguiçoso, respeitando o tempo sem deixar sucumbir
O amor nos guardará com todo o respeito até o breve
Vamos acreditar no amor, ele é a nossa única alternativa
Daqui, do velho continente, quase posso te tocar com essa saudade de arrasar
Mas eu sigo te amando, desde sempre e para sempre, independente da data do nosso último encontro ou da data que iremos novamente nos encontrar

Roberta Moura



segunda-feira, 2 de abril de 2018

Velho, novo, sempre, para sempre amor




Lá vai ele novamente
Incansável, disposto, insistente
Lá vai ele novamente se entregar de corpo e alma à ela
Os anos se passaram e nada mudou, na verdade tudo mudou
Além do aprofundamento de suas digitais, do brilho perdido nos olhos devido a frágil saúde, as marcas deixadas no seu corpo pelo combate diário que é viver
Lá vai ele, nesse calor infernal dos trópicos, esperar ela sentado à beira de uma calçada escaldante, pendurado em qualquer lugar, esperando um olhar generoso, um sorriso largo, o carinho das mãos mais lindas que ele já teve o prazer de tocar
Espera ansioso, silencioso, devoto
Refém do seu próprio medo, como um idiota apaixonado
Sem limites, sem o direito de se impor, de cobrar nada
Pobre rico de amor
Lá vai ele fazendo planos, se enchendo de esperança em qualquer mísero instante ou chance que se tenha de encontrar a sua pessoa
Sentindo uma imensa necessidade de cuidar de quem já está sendo cuidado
Ele é por ela um verdadeiro pleonasmo 
Um idólatra de carteirinha, um bobalhão, atrapalhado entre o mundo das palavras e o gargalo pesado da sua garganta
Embriagado pela secura dos dias, entregue ao contemplativo papel confessionário
Lá vai ele querendo preencher todos os espaços, o tempo, e ao mesmo tempo disposto de um medo tenebroso de sufocar sua amada, de se sufocar
É tanta sentimentalidade que nenhum dos dois sabe como lidar
Lá vai ele, aprendendo a lidar com a nova forma desse sentimento tão antigo, novo, real, que já está enraizado em seu coração
Um velho novo perene e surpreendente amor
Que ensina, poli, rasga, e se atreve a crescer ainda mais
Que infinito, que magnífico pela força que exerce, que amadurece à duras penas
Confuso, mas feliz, cheio de um amor que transborda, que não cabe nele, sem saber como ofertar
Ele procura letras que o represente, que escreva essa estória de um modo menos doloroso
Mas a história fala por si só, e o final feliz que ele tanto procura não está em castelos nem em 
ofícios, está no presente divino que é amar

Roberta Moura



Partes iguais




Yin e yang, infinito
Tão parecidos, tão distintos
Faz gosto de ver, faz sentido sentir, não é tão fácil assim viver
Dizem que as pessoas se completam no amor, dizem que existem duas partes da mesma laranja, não sei bem se concordo com isso
Há tanta coisa parecida, tanta coisa legítima, tanta coisa dissonante que prefiro acreditar conscientemente na insanidade do amor que na crença popular
As pessoas julgam demais, falam demais, conceituam demais e esquecem de sentir
O amor é dissonante e ao mesmo tempo homogêneo
Deu-se a largada para a contagem regressiva do início da terceira guerra mundial
Armaduras vestidas, lanças em punho, cavalos selados e corações quebrados
Deixa eles guerrearem sozinhos, porque o amor não duela
O amor quer parcimônia, quer balanço de rede, quer o silêncio da contemplação, quer sentir o cheiro da pele ao natural
O amor quer tudo o que a guerra não tem para dar
Todos eles além de nós não querem essa união, isso é fato!
Sempre foi...
Feito o medo do poderio de uma possível aliança entre a França e a Inglaterra, que faria cair por terra tudo aquilo que eles julgavam saber
Saber sobre nós, sobre o amor
A potência do amor alheio desperta a inveja
Então distinto e parecido amor, somente deite sobre o meu colo e espere a tempestade iniciada em um copo d’água passar
Contemple sob meu seio o que se passa na janela da inveja dos outros, daqueles que jamais tiveram a oportunidade de sentir  
Nenhum amor é impossível, o imprevisível conspira por nós, o amor nos conhece felizes assim
Porque de qualquer distância eu vejo seus olhos e ouço a sua voz me chamar, isso une o sul e o norte dos nossos corpos, aliando a dor torturante da saudade, me levando de volta ao seu amor
Para esse velho, novo, constante, eterno, supremo, livre e lindo amor

Roberta Moura