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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

sábado, 28 de abril de 2018

Incorrigíveis



Incorrigíveis
Nem o receio nem as ameaças apagam o que nasceu para brilhar
O mundo é apático e não permite flexibilidade, não demanda evolução
Me pego devorando ele com garfo e faca, delicadamente
Nem mesmo o medo muda o desejo de estar, de ser o que se é, de quem se é
Quem além de você?
Tenho dormido pouco e sonhado muito
Prometendo além de tudo, tento no fim das contas cumprir o que guardei para mim
Porque é o meu desejo mais profundo, algo não escrito por mim, mas pelo destino que insiste em se cumprir, que lateja e quer ficar
Algo que não se tem controle, que nunca foi vestido de rédias, não sabe o que é prisão
Nosso claustro é nosso abraço e essa é a única chave que desejo perder
Para que a gente cole de vez, em um teto só nosso, onde a palavra de ordem seja o amor e o pronome que nos defina seja unicamente na primeira pessoa do plural
As vezes o amor precisa ser egoísta, na medida em que tenta ser executado
Não me diga o que fazer, não me coloque palavras na boca
Dessas que eu não quero dizer, que não quero fazer, não me peça o exílio
Somos mesmo incorrigíveis por natureza, lutando um pelo outro, desesperadamente e silenciosamente
Ardendo em febre e segurando as lágrimas
Contando as horas no desejo da mais plena liberdade
Detentores de uma sensibilidade e fragilidade feito casca de ovo, intocáveis
Que no nosso jardim sejam regadas as flores de todas as nossas estações
Como um desenho bonito e pintado que relate os caminhos por onde passamos, a métrica que aprendemos com o tempo
Que elas pousem para o sol tal qual a sua foto mais bonita na parede do nosso quarto de dormir
Que eu aprenda a lidar com minha impaciência até o breve chegar

Roberta Moura




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