Quem sou eu

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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Quem foi que disse?





Calor de inverno
Vento rasteiro e quente sopra nas minhas canelas nuas
Ares de liberdade, dessa que me faz viver
Deixo meu pulmão encher de ar, antes que eu encha de tudo
Transpiro o calor no mormaço do corpo agregado ao meu
Vivo sim, um paiol de sensações
Curto o longo prazo da espera
Que demora!
Conto as horas na expectativa
Converto tudo que vejo em sinais
A chuva que corre na janela a minha esquerda, o motor silencioso do carro, o poder de vida e morte centralizado em minhas mãos
Tudo é tão simples
Escuto aquela canção no rádio e pronto
Volto no tempo, apresso a chegada, piso mais fundo, reclama o motor
As vezes sinto que minha claridade chega a ofuscar
Quem não quer ver?
Quem quer enxergar?
Espécie escolhida para ganhar meu amor
Quem foi mesmo que escolheu quem?
Não fui eu, nem você, nem ninguém...
Nada é tão difícil que vença esse instinto
Essa certeza que assombra
Sintomas de vida eterna agrego ao seu olhar
Transparece no teu rosto as marcas da minha lucidez
O rubor das suas maçãs ao escutar aquela canção
Como quem tira a sua roupa, reluto para não colocar tudo a perder
Pouca razão nós temos, muito amor cultivamos
Mas, quem foi que disse que o amor e a razão combinam?
Quem foi que disse isso?
Seguramente, quem nunca amou assim
Quem nunca sentiu as minudências de um olhar, a luz, o sopro de vida na aparição
O gostinho do resto da saliva, os tiques, manias, o contato que arrepia a pele
A respiração deitada na fronte do colo, suave, profunda, tênue
Quem nunca pegou o celular para ligar de madrugada
Quem nunca desistiu por alguns instantes, pensou mais de uma vez e voltou atrás
Quem nunca pensou em jogar tudo para o ar
Quem teme conhecer o arrependimento
Percebo diariamente que vivo e dinfundo amor a todo tempo
O-pertenço desde sempre, sempre pertencerei
Meus dias são percorridos com passos lentos e precisos
Por um caminho que não sei onde vai dar
Mas, tenho certeza, em todo tempo, que sei quem vai me acompanhar

Roberta Moura


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