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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Colcha de Memórias




Na mão, a linha e a agulha
Tentativa desesperada de unir as pontas, juntar o lençol que nos pertence
Passa a fileira pela fresta cingida da agulha, levando consigo um intuito, um designo
Costurando as casas que abriram com o tempo, limiar traçante que nos une
Sutura perfeita, de quem quer curar
Ziguezagueando pela avenida de seda da nossa sedução
Vestindo-nos para a batalha diária de viver
Despindo-nos no fim do dia, na beira do mar, esperando surgir os primeiros raios cortantes de um novo começo
Fantasias e capas, fardas e botas batidas, uniformes desenformados
E tudo mais que escondemos com o que nos veste
Para, em fim, chegarmos em casa, libertarmo-nos do mal primário pecador
Desde o Jardim do Éden, não somos mais os mesmos
Posso arrancar de você o que te persegue, carregado lastro de perversidade
Tirar-lhe a roupa, grelhar um frango, vestir teus pés de meias quentes, fazer-lhe as vontades
Passaremos a vida tecendo uma enorme colcha de retalhos feita de memórias
Pedaços do que somos, dos nossos sonhos, nossos anseios
Colar enormes tiras coloridas, deixando nosso cheiro, pintando borboletas
Não cederemos se à caso a linha romper, como já fizemos antes, emendaremos e recomeçaremos todo o processo de novo
Não puxamos o traço horizontal pelas extremidades, unimos as pontas e aparamos as arestas, nos esforçando por nossas verdades
Esculpindo a mais bela obra de arte
Estilha do nosso amor a vontade
Sem cobranças, sem limites traçados, sem regras a serem derrubadas
Não contamos o que ganhei, quem empatou ou o que você perdeu
Sabemos que somos muitas coisas, tudo isso
E que você tem um amor para a vida inteira, esse amor sou eu


Roberta Moura

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