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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Desde a primeira vez




Tomo café da manhã com as letras
Na verdade, elas me acompanham noite e dia
Latejando em minha mente fértil
Peço expresso e brusquetas com azeite
Elas me pedem as mãos
Hábeis e decifráveis, traço linhas que me levam ao eunuco do meu existir
Viso de plano o amor, daquele que queria deslembrar
Cúmplices do meu amado, as letras e palavras fluem com minhas mastigadas
Suprindo o barulho das torradas que passeiam em minha boca, do café descendo goela abaixo, cumprindo sua jornada
Tateando as horas que ainda tenho, faço minha prece diurna
Prometendo o que posso, tecendo menções futuras de amizade e dedicação
Se não fosse assim, eu não seria
Elas nem me procurariam
Gastariam o vago dos olhares tristonhos, em busca de um algo a mais
Na fila do pão, do banco, na moça que injeta combustível no carro do senhor...
Passaria despercebido
Não seria um amor, seria um amigo, um colega, um conhecido
Namoro com você desde a primeira vez que te vi
Você que não percebeu
Refém desse sentimento todo, ambicionando o sossego
Desenho em formas arredondadas as letras que lhe dedico
Curto esse momento como quem acalenta o seio amado
Por algum tempo sinto sua presença aqui
Entre o papel, o grafite, a inspiração, o amor e eu
Surge mais um filho desse meu sentimento uterino
Mãe passo a ser desses rebentos que não pertencem apenas a mim
Mas a todos que comungam comigo esse bramido apaixonado
Provam do limiar arriscado da sentimentalidade
Superam-se, suplantam os demais
Amam com todas as suas forças e querem sempre mais


Roberta Moura


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