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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O ângulo perfeito



Abra os lhos meu amor, já é sem tempo
Cantemos essa canção, que faz do nosso amor o refrão de todo instante
Me dê a mão e desdenhe da minha burrice
Chegue mais cedo do trabalho e me surpreenda com o seu mais doce olhar
Somos nós o passar dos dias que não contemplam a estatização
Somos a guerra infame diante do nosso colchão
Não fique muito tempo sem vir por aqui, não demore na distorção
Façamos assim um trato, te dou a minha vida e um pouco mais e você me dá a certeza de tudo o que eu sinto agora, a mais doce e sublime contrapartida para quem ama, afastará a minha solidão
Sejamos um, como sempre
Sejamos o escarno dessa decência vil e fantasiosa, sejamos a nossa moda, o que nos veste as vergonhas, o que pinta a nossa cara, o sim sem demora, a infantilidade de certa hora, o sim e o não
Sejamos o que garante todos os olhares a volta, o amor compromissado, gerado, vivido, levitado, fantasiado, invisível e preocupado, o que cala o meu coração
Que o costume da gentileza adentre a nossa porta e percas as chames na entrada
Não se faça de rogado para pedir a minha oração
Tenho “Buarqueado” com certa reiteração, esse moço as vezes me convence, as vezes não
Sigo na tentativa pobre de afogar as magoas, na embriaguez da minha pueril alma, devorando cada palavra de amor, cada canção
Tento me formar moça nesses dias brancos, tento sangrar menos que antes
Afastar o fantasma do descontentamento, que por vezes tenta agoniar aqueles que decidem exercer o desejo que se faz vivo no coração
Desencarno todo dia um pouco mais, na esperança de sermos eternos tanto quanto o que precede cada letra que te dedico
Quanto mais eu as multiplico, mais aumenta o comprometimento desse pobre coração
Somos assim mesmo, cheios de erros e defeitos, o completo pelo avesso
Somos o dia de ontem e o de amanhã, executando com e cuidado o tempo de hoje, preparando o terreno paralelamente
No anseio de um dia nos encontrarmos na incidência desse estreito, compartilhando de uma vez por todas a marca que nos tinge o peito
Que nos fez mais uma vez vivos para 
Quando tudo isso acabar não seremos mais os mesmos, mas certamente ainda seremos únicos
Viveremos esse amor que de igual tamanho desconheço
Estarei aqui, esperando esse dia chegar


Roberta Moura


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