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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A Paz no Olhar




"Solidão é larva que cobre tudo, amor puro em minha boca, sorri seus dentes de chumbo..." (Mariza Monte)

Remexo as mãos que não temem em desembaraçar seus cabelos
Não param, arrepiam meus mais distintos pelos, abana minha cara ao acordar do pesadelo
Aparta-te de mim solidão, vai-te embora
Toma o teu rumo e leva contigo essa demora
Já é chegada a hora dos meus ais ganharem fôlego
Tomam o mais puro ar os meus cansados pulmões
Tomo a tua voz doce e rouca como o meu mais fúlgido esmero
Acalma a minha latente opressão 
Cai sobre os meus ombros o cansaço dessas coisas que o destino escolheu para mim
O que fazer, se nascer já é um risco sem fim?
Não teremos certezas, não teremos sempre a vitória
Levaremos no peito as marcas de diversas histórias
Construiremos o nosso castelo mais de lutas que de glórias
Tomamos nossos rumos, uns juntando, outros separando
Contemplando o paralelo do tempo e de um semblante que tende a perecer, que esperançoso, cogita ser chegada a nossa hora
Fica o recado, grudado na porta da geladeira, na penteadeira, no celular
Na jóia cara ganhada na data marcada, no ceticismo cego da fidelidade, na jornada, no olhar
Com o passar dos dias passamos a desacreditar em quase tudo, em quase todos
Com o crescer dos dentes, passamos a desconfiar, a trair, a nos entregar...
...e sempre queremos mais desse mundo, que ajudamos a criar
Porque a solidão é a larva que cobre tudo
Remexemos as mãos e as cadeiras, na busca incessante da paz encontrada, durante toda uma vida, apenas em um único olhar 


Roberta Moura


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