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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Castelo de Cartas Marcadas




Ela voltou
Por cima da carne seca, ela voltou
Com sede e fome de gente
E eu, que tanto a quero, que tanto espero
La vem ela
Com a cor do sol e cheiro de canela
Vem sorrateira, como quem não quer nada, como quem pula a janela
Com o cabelo de lado e os olhos que trazem todo o seu cansaço
Chega ligeiro, feito criança
Querendo colo, apagando as lembranças
Me mande notícias, me diga que vem
Espero o seu sim de todos os dias, o calor da sua agonia, sou seu refém
Não me queira mal, também não me queira tão bem
Há pouco os cortes ainda sangravam, demorou largos dias a tal da cura
Mas a angústia de outrora não enche a nossa casa, é a alegria que me assalta
Que toma o meu riso, findou –se o tempo do castigo
Vem pra cá e tira essa roupa suada, revista-se apenas e perfume e sorriso
Porque é disso que eu preciso para ser feliz
Hoje eu conto para as paredes a nossa história
Alinho os tijolos da nossa morada, empilho os sonhos, construo na nossa vida um castelo de cartas marcadas
Em um casebre de sonhos e de ledice, que tremeu por vezes a base, mas não se abalou
Que sempre acredita em todas as suas mais loucas fantasias
Eu nunca fui embora
Nem ontem, nem hoje, nem outrora
Ela também não me deixa fugir
Pede para que eu mande lembranças, que escreva, que lhe dê vida, que não permita sucumbir
Me lembra e relembra todos os fatos, as mancadas, os acertos da nossa velha infância
Ela é o que me levanta, o que leva sem volta, o que fica, o que demora
O que sara a minha dor de manhã, o que espero e espero, o tempo que for para tê-la de volta
Minha inspiração
É um outro alguém, quem posso chamar de meu, de meu amor

Roberta Moura


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