Saudades se escreve com L
L de love, do efêmero, daquilo que não se
escolhe sentir
Que saudade que dá
Queria nunca ter conhecido, me acovardar
como tantos outros
Deveria nunca ter saído de casa e seguido
meus instintos em sua direção
Quem dera não ter alimentado em mim esse instinto de buscar sempre mais
Nesses dias nublados, congelo o coração e
sinto um frio na barriga sem igual
A pele pede, os olhos marejam, o olfato
busca, o paladar coteja
Por essas bandas dos trópicos nada será
como antes
Sempre haverá comparações e recomeços na
tentativa de esquecer
Que humanidade essa minha, que fraqueza,
que ludicidade
My place, prazer em minha vida
Um habitat, uma vida, um devaneio, uma
certeza
Vidas passadas, vida presente, um amor
distante sempre será um amor
Como matar essa saudade antes que ela me
mate?
Faca de dois gumes, toque macio em minha
alma
Assassino das certezas que inventei para
mim
Eu pensei que viver era não ter que
transbordar, mas percebo que tenho que me espalhar
Roberta Moura
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