Nós somos uma canção inacabada
Somos gole de uísque deixado no copo, somos roupas pelo chão
Somos balanço de rede, amor gritando no silêncio, somos o arrepio na
espinha
Nós somos o badalar do Big Ben, a mala pronta para zarpar
Somos vontade todo tempo, somos quem era, o que é e o que ainda está por
vir
Somos tantos e somos um só, somos provocação e descanso de cabeça no colo
Nós somos sacrifícios e tédio diário, suportamos um mundo que não foi
feito para nós
Somos o mesmo número de sapato, o batom vermelho escrachado
Somos o seu desejo por segurança e a minha inconsistência e mudança
Nós somos o que verdadeiramente queremos ser
Somos o toque discreto com os olhos, a sede no escuro do quarto, o guiar
das mãos
Somos o dia bom e o dia não tão bom, mas que ao final percebe-se que deu
tudo certo
Nós somos o desenho rabiscado do tempo que insistimos em corrigir, mesmo
estando tão longe da perfeição
Somos luz na escuridão, o indicativo do presente, um pretérito
imperfeito...
Somos apelos, seu medo, meu desejo, sua razão
Nós somos um só, para deixar ser o que tem que ser
Roberta Moura
Nenhum comentário:
Postar um comentário