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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Entre os braços




“...Me abraça forte e diz mais uma vez que já estamos distantes de tudo...” (Renato Russo)

Pronunciava a música daquele rebelde dos anos oitenta
Tomar a iniciativa de abrir os braços é admirável
É aceitar a cruz para carregar
Aceitar a culpa do outro, seu amor, seu afeto, seu pesar, seu cansaço
Abraço não se dá, se troca
É adotar a recíproca do aperto
É dar o colo como abrigo
E servir sem pestanejar
Dar de ombros no caminho em comum, tomar espaço e agrupar
Pelo que não causei, pelo que ainda irei causar
Pelo apego, pelo desapego, pelo não demonstrar
Mas, se você acha que seus braços são alcovas que me manterão sob a régia da submissão, me perdoe, sou de muitos, sou de quantos os meus braços puderem alcançar
Somos a história consumada, o desconhecimento com um beijo na face
Somos o ignorar no olhar vago das pessoas na rua, esperando braços abertos para apertar
Existe um abismo enorme entre o abraço de perdão, que é válido, mesmo não tendo errado, e o do “eu tenho a razão” e nessa hora não ter ninguém para abraçar
Tantas são as vezes que prefiro não ter razão, tão somente para merecer o abraço do perdão 
Abraçar é sempre pedir perdão, por ser um ser humano inacabado, no caminho da evolução
É querer demonstrar com o corpo o quanto se gosta com a alma
Querer dividir o mesmo espaço físico, acalorar a ocasião
Abraçar é sempre válido, porque mesmo que o outro não ofereça a reciprocidade desejada, são quebradas através desse símbolo as armas do ataque a pessoa que por hora seria alvejada
Abraço de urso, de onça, de leão...
Entre os braço, cheio de dedos, estático, com palavras ou calado, sucinto ou demorado
Quentinho, friento, abraço de amigo ou de irmão
Vale tudo no abraço, aperto, “encostão”, vale curtir os segundos, torna-los minutos, vale a “pegação”
Exercício de corpo e mente, completando-se da forma mais simples, acompanhado de sorrisos
Na linha longitudinal que separa os braços cabe o mundo, cabe uma vida, cabe sentidos, cabe a ternura de um afago, cabe a força do desejo


Roberta Moura


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