Quem sou eu

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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Ao Amor que nunca vai




Indubitavelmente reversas palavras, reservadas
Sofridas, faladas
Codinome unificado, reconhecido por todos nessas terras
Não vou falar, não vou usar, todos tentarão me entender, poucos conseguirão singularizar
Véspera do jamais, sim para tudo mais
Todo tempo é agora, o nunca é tarde demais
Quanto tempo se demora esperando o jamais, para se decidir, renascer das cinzas ou submergir
Parece-me que não olha para o que fiz, que não escuta, já não o procuro como deveria, como preciso, como gostaria
O que faço com o tempo que corre pela janela do meu quarto, que faz brotar rachaduras no meu rosto (?)
Com essa agonia?
Quanto custa a vida eterna que se perde em poucos atos, tropeços adolescidos pela carcaça humana, pelos erros do passado
Só eu passo, só eu fico, enquanto andas na velocidade do improvável, dos fatos
Quem sou eu sem você?
Inevitável o meu querer, tanto quero, tanto peço, e pouco tenho a merecer
Faz de mim o teu bem quer
E eu, com esse apetecer que não preciso, pretensioso, temo não te reconhecer
Incondicional amor, sem igual
Terno, eterno, singelo e previsível amor
Reflexo de tudo que me consome, da minha inútil e existente dor
O que devo fazer com as peças que sobram no meu falido quebra-cabeça existencial?
Me diga o que fazer, me ajude, me ensine a chegar até você
Fatídico perecer, sou eu assim, com todo esse amor para dar e ignorar o que você tem para me oferecer
Sim, por vezes desconheço, quase não lembro, depois desabo nesse silêncio que me esgota, como açúcar na língua some, sumo sem o teu olhar, sem ter você
Tento por vezes me convencer que não posso te deixar, que tenho que esperar, mas tenho sempre algo melhor para fazer, o imediato já está a me acontecer
Protelo esse amor, faço o trivial, deixando o que é sublime para o logo após
Como quem engole o almoço sem mastigar, esperando a sobremesa
Ignoto a demora para o apresto da iguaria, desmerecendo o meu paladar e o afazer do mestre-cuca, sua obra, seu preparar 
Perdoe-me pelo protesto, as vezes não consigo lidar com tanta necessidade, é tão grande o meu manifesto que já não cabe em mim, que fujo dessa simples verdade
Sempre dando passos maiores que as pernas tento pular algumas fases sem olhar para o que possa vir a atrapalhar
E você está lá, sempre pronto, e eu, quebrada, vou ao teu encontro, volto para o teu colo feito um cão sem dono, tentando me desconectar
Coitada de mim, incógnito é o meu pesar, confiando que posso deixa-lo para de lado, ser a metade e decidir sozinha, não voltar 
Encontro-me em meio a essas ciladas da vida, te procurando, carecida, envergonhada pelo abdico, achando ser meu próprio dono, meu único titular
Mas nada sou sem ter você, tenho ciência disso e nada mais posso fazer
Siga comigo, não me deixe cair
Isso não é uma queda de braços, não posso nada sem de você
Escondo palavras em meio a atos que mais parecem covardia, mas eu não sei “des-amar”, nem viver pela metade, quero o teu bem de corpo e alma inteiro, ser fiel a essa saciedade 
Entenda-me, e a minha culpa, estou tentado progredir, achar o caminho que nos ache, sem me iludir, que tire o medo, que me leve daqui
Seja o meu asilo, o meu rito ordinário, o que me faz prosseguir
Sede meu consolo, minha solução, meu ideal, confia em mim o teu querer e me faça evoluir para o real
Sou tua como sempre fui, unicamente tua, embora os agrades venham me distrair
Não me deixe sem essa parceria necessária, com quem conto na madrugada, para quem divulgo minhas mais problemáticas lágrimas
Meu bem maior, meu tudo, meu existir  
Vinde ao meu auxílio, com o peito aberto e cicatrizado, sede meu silêncio funcional, minha única paixão, minha vida e essência, meu esvair
Meu ontem, meu hoje e minha eterna vocação
Cala a minha boca com certezas, que eu seja para você uma alegre surpresa, para sempre sua escudeira
Completamente arrebatada por essa certeza, que você seja a minha única e indolor paixão  
Quando tudo passa, os sonhos revelam ainda mais forte essa sede que já não escondo de mim, estou cansada, sentida, mas de volta aos teus braços, renovada em mim


Roberta Moura




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