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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Qualquer coisa, quero artistas no meu cotidiano






Quero qualquer coisa que me salve
Qualquer coisa que me mude, que me bata, que me mate
Onde foram todos eles?
Qualquer coisa que me chame, que me beije, que me lixe
Qualquer coisa que me convença de querer algo que não seja apenas qualquer coisa
Onde encontro outro desse? Onde carrego as pilhas?
Qualquer coisa que me desligue, que me abrigue, que me escravize
Qualquer coisa que me dê o prumo, como rumo, que me utilize
Me chame no canto e me alise, amanse meu fervor, me rabisque
Qualquer coisa eu já fui, volto logo ou nunca mais
Qualquer coisa eu peço pinico, cubro o rosto, me jogo no primeiro abismo, até que possa me encontrar em qualquer coisa
Te chamo na xinxa, te agarro os cornos, te reescrevo
Qualquer coisa me veja alguma coisa forte, que me embebede, que me suporte
Qualquer coisa me dê um comprimido, que me diminua a dor, me tranque em um asilo
Me fantasie melhor, me devore o pensamento como a um bombom, me submeta aos seus mais esquisitos devaneios
Qualquer coisa é sempre alguma coisa, que pede outra coisa, que prefere não nomea-la
Qualquer coisa sempre tem um querer obscuro que aponta o desejo de conquista-la
Deposite em mim seus anseios, serei muito mais do que você possa desejar, mais que coisa alguma, uma coisa toda, pronta para te enfeitar
Qualquer coisa como o sim, como o não ou o talvez, mas que você poderá manipular
Qualquer coisa entre o ontem e o amanhã, de modo que possa aproveitar
Seremos dois, e não mais uma solidão, um conjunto de qualquer coisa no meio dessa imensidão de coisa alguma, do nada que já temos para gastar
Qualquer coisa me escreva uma carta e nela me descreva a coisa que você pretende encontrar
Qualquer coisa apareço um dia desses, para por o papo em dia, para ensina-lhe um pouco de geografia ou a cozinhar
Me de uma panela cheia dos seus mais doces anseios, façamos um cozido com tudo dentro, com meu humor, amor e segredos, tudo que possa nos alimentar
Qualquer coisa agente se encontra, para brincar de casinha ou de pique-esconde
Qualquer coisa é melhor que perder os sonos, na esperança de te ver chegar
Quero artistas no meu cotidiano, que me lembrem que tudo isso é parte do espetáculo que é viver, que é o jogo real da vida humana, o qual só interessa vencer 


Roberta Moura


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