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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Valentão


Vai valentão, vive a tua vida de soberba e solidão
Sai por aí distribuindo beijos, mentiras e bofetões
Sem prestar atenção no que pisoteia, sem prestar atenção na vida
Quase todos você intimida
E viça sozinho, dançando feito uma bailarina em frente ao espelho
Mostrando a ninguém o seu lado mais doce
No banheiro e na sala de TV faz coisas que até Deus duvida
Entretanto, é na solidão da sua cama que tem seu pior momento na vida
É quando o sol vai quebrando e a lua vai chegando pela esquina do isolamento
Não há ar condicionado que dê conta desse teu lamento
O muro da casa vai fazendo sombra no portão
Coloca uma cadeira rente o muro, espera a condução sentado porque em pé cansa
Descansa, cobre o rosto no paninho de dormir
Minimiza-te numa cama sozinho, pedaço de mau caminho, filho da lassidão
Seus sonhos se escondem lá pro fim do mundo, onde a noite é mais escura, onde você me ver chegar
Cansada do trabalho, na madrugada fria e sorumbática
Ela é minha amiga, amo o dilúculo como poucas coisas
É quando se ouve mais forte o silêncio, posso ouvir melhor os seus gritos em prol do meu nome
A bravata que emana do teu sono, o barulho que pula do teu pulmão, me parece ondas que quebram na beira do mar
Em pensamento, junto o meu corpo ao teu, vou me ajeitando com cuidado, de banda, de ladinho, sou vencida pelo cansaço
Me agarro com o que não merece o meu querer
É quando o cansaço da lida da vida me obriga a recolher as armaduras,  quando vejo melhor você
É quando a menina se encolhe e vira novamente concha
Se chega pro lado, querendo agradar meus sonhos
Se a noite é de lua os ânimos se exaltam ainda mais
A vontade é contar mentira, historinha, um conto sem final
E se espreguiçar, cheirar o teu cangote, te olhar e desafiar a morte, dizer para ela jamais chegar
Deitar na areia da praia, imaginar as figuras nas nuvens, fazer planos para o próximo dia, visão que acaba onde os olhos não podem alcançar
E assim adormece esse amor, quando percebe está novamente numa cama sozinho, mais acordado que nunca, perdido na sua própria rinha
Que burro, esquece que sabemos que nunca precisamos dormir para sonhar
Porque não há sonho mais lindo do que meu amor


Roberta Moura


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