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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

domingo, 11 de março de 2018

Aquelas mãos



Naquela tarde sentou-se ao meu lado
Parecia que não tinha feito uma eternidade desde o último adeus
Mãos que se procuravam, olhos que se desencontravam propositalmente para não se entregarem
Muito clichê, tão manifesto
Parecia não ter havido um abismo, aprecia nunca ter duvidado
Foi assim
Mãos que se tocavam esporadicamente, intuitivamente, conscientemente provocadas
Toque na pele, tortura na alma, todo torpor
O desejo, o carinho, a posse, o cuidado
Ah, é o amor!
Pareciam nunca terem ido embora, nunca foi
Mãos que se encaixam, que suam, que saciam, que alcançam, que tocam
Provoca meu coração, que o provoco a aspiração
Aquele que desperta coisas entre meu cérebro e ventre, sobre as quais não tenho controle
Um amor sem tamanho, sem prazo de validade, sem pudor
Escondido e entrelaçado pelo balé das mãos o amor desenha o momento
Se pegam escondidas, se agarram
Encostam, transpiram, refletem os olhos, a alma
Mãos orgásmicas de satisfação, que querem ficar
Toca minha perna, me morde no pensamento
Eu te desenho em todas as nuances à meu modo
Vamos juntos ao delírio de se querer bem, de querer quem te quer
Mãos silenciosas, carentes, indecentes
Aspira tudo em mim e me conta todos os seus segredos
Todos eles!
Saiba que sou tua, sempre tua, toda tua
Naquela tarde fomos felizes, já era sem tempo de ser
De ter por perto, por fora, por dentro, de volta para mim
  

Roberta Moura



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