Quem sou eu

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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Breves anotações



Só me restarão as palavras e as fotografias
Tento capturar do óbvio a fotografia dos momentos naturalmente insanos da nossa capacidade humana
Arrisco transformar-me em palavras, quando minha felicidade transborda com o impalpável
Quando me descuidos e fico a pensar no caos compassivo que me adota, humana demais
Tenho para mim que todos que nascem para o bem trazem consigo a cura para qualquer mal, "são autocuráveis", e a natureza contribui com essa contínua correção
Canso-me do mesmo com uma grande facilidade, entretanto, não desisto dele, transformo-o, renovo-o, dou mais uma chance
Embora seja bem mais fácil comprar um novo papel em branco, reaproveitar o riscado me proporciona a alegria de dá a ele uma nova chance de servir, torna-me senhor do seu tempo
Meu olhar digital permite-me a acrítica e a autocrítica, o apuro
Minha visão fanática pelo homem me proporciona a observância dos incontáveis vieses expostos nos pontos de vista, do posicionamento individual
Fotógrafa do cotidiano, vigilante, tomo nota dos fatores que me levam ao risco de viver
Reproduzo o que gosto, rejeito do que não me faz bem...
...tento, tento, tento, o que acho justo
Exercito a mais difícil atividade a mim incumbida, arrisco escolher
Avaliados, conceituados, observados, somos números, somos conteúdo, todos nós, vítimas e vilões de todo esse absurdo que é existir
De querer sempre mais que temos, de temer sempre menos o que mais precisamos, do pavor da perda, do egoísmo pagão
Façamos um trato, passemos mais tempo nos dedicando ao único cerne eterno que nos liga, o amor
Insistentemente volto a tocar nessa tecla, batendo como quem bate num surdo de couro de bode, sem piedade
Parece que não tenho mais nada o que fazer...
Velhos e moços, homens e mulheres, todas personagens desse cálice bobo, juntos vitimados por sua procura
Mas, para que a procura? Se é ele que nos escolhe?
Tomo nota de mais uma lição, rabisco novas palavras no meu caderninho, espero ter tempo para estuda-lo mais tarde
Com minha câmera, minha memória e meu bloquinho, vivo viajando pelo infinito particular que me esgota, pelo observatório habitat da vida humana
Não tento mais entender, somente participo desse maravilhoso espetáculo
Somos todos personagens, e assim também são aqueles que garantem não compartilhar
Tem gente que sente por não participar, tem gente que gosta só de olhar, gente que palpita a toa, gente que faria se estivesse no lugar
Tem gente que colabora, gente que consome a vida dos artistas, gente que quer ser quando crescer
Tem gente para tudo nesse mundo, as vezes chega a faltar mundo para ter gente
E assim, construímos esse sistema, essa terra do nunca, onde o nunca é a coisa mais provável de se acontecer


Roberta Moura




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