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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Janela por onde passa a insanidade



Fico olhando a tua janela por toda a madrugada, por todo o mundo que nos rodeia e por toda a vida que nos espera
Me distraiu com um amigo, espero o tempo passar mais um pouquinho... será que você vai falar comigo, será que se mostrou só pra me provocar, será que teme e treme como eu, será que será
Olho tua graça na fonte que publicas temerosamente, assim como as poucas palavras que expressas com um certo ar de fleuma
Aflição, meu estômago embrulha
Que pena, daqui não posso gritar, nem te xingar
Dizer-lhe que não sou heroína, nem de plástico, e que minha validade anda curta, posso até quebrar
Só prometo o que posso cumprir, preciso diariamente que seja feito o mínimo também, para que o milagre do amor floresça no céu do teu jardim
Mais uma noite, meia dúzia de dias inúteis, mais algumas horas e oportunidades
Algumas perdidas, outras escondidas no porão das lembranças, outras tantas juradas, meias palavras no ar, quase resolvidas, todas confusas, outras batidas
Até que você possa voltar, até que eu saia desse lugar, até que cheguemos em casa, desarrumemos as malas e possamos espalhar esse composto que enche os nossos dias pelo ar
Que custe a acreditar quando te diga: nem sei mais o que estava fazendo durante todo esse tempo que se passou
Lavando roupas sujas e limpando o nosso quintal pra você brincar, dormindo tarde e acordando cedo, chorando e fazendo promissões agrestes, rezando e me convertendo mais a cada dia
Com medo, com muito medo morto pelo caminho, sem restar nesse velho peito nem mesmo espinhos, saibro pronto para você pisar
Talvez, quando Setembro chegar, a boa nova venha lhe fazendo companhia
Sempre o primeiro a entrar e o último a sair, eu não sonho mais acordada, do jeito que alguns escolhem fazer para não sentir dor
Dentre os inimigos que tenho... Só eu, e mais um bando de cúmplices, acreditam nesse amor
Andam me investigando, me circuncidando, me espremendo, me abandonando
Não costumo culpar os outros por minhas vaciladas, carrego o vício que me consome, eles me bastam, tento domá-los diariamente, desde menino
Não acredito em promessas soltas, feitas na cama, feitas por força da cana
Nem mesmo em trocas baratas de favores, não acredito no mal, e muitas vezes, no bem também não, não acredito em conveniências, nem em graus, não acredito nas coisas feitas por mera obrigação
Não acredito nos lances que insistem em me tornar mentiras, não aceito provocação
Eu ando tão calma, tão cível comigo mesma, que quase não consigo sair, nem mesmo de mim
Ando tão eu que temo não ser mais ninguém
Talvez amanhã eu chegue, talvez vá embora, e muito embora o meu jeito louco cative aos quatro ventos, os ventos não fazem de mim alguém mais apaixonada
Existe uma certa e necessária sanidade na comunhão dos loucos, muito mais sutil do que parece, muito mais informada e bem menos escandalosa
A loucura consome quem de fora ver e sacia quem dentro mora
O delírio alimenta os apaixonados, torna-os cafona, esbarra no passado, abre um novo tempo, onde nada pode dar errado

Roberta Moura

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