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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O silêncio, o reconstruir e o amanhecer





O silêncio fala muita coisa
Fala sim, fala não, fala talvez
Fala o de sempre
O sigilo fala mais que mil palavras, fala muito de mim
Fala mais que tantas ações mentirosas, fala com o meu coração
Fala para ele, para nós, para vocês
Calada... Cá, com meus pensamentos, meus botões e casas tentam me entender
Inúteis tentativas, esfinge sem igual é o meu semblante
Contemplo meu calar por alguns instantes
Satisfaço, desfaço, consumo o meu querer
Tenho tampa para a caneta, para a panela, tenho tempo, tenho coragem, valentia para a sua moleza, tento exaustivamente merecer
A estação do sossego chega, vai embora, provoca no meu peito mais certezas
Deixa-me assim, contemplando a sobriedade de um sorriso bobo
Mergulhada no castanho dos seus olhos, infantil lamento solto
O que vamos fazer agora?
Aprecio a calmaria como quem chega a tocar na sua própria respiração
Com aspiração, deliciando-me na percepção macia de liberdade, anseio o ulterior caminhar do amor
Cânticos em louvor a sua presença de alma, o sossego me permite ao espetáculo da vida
Soluços ébrios pela madrugada, verdade louca, edificada de quase nada, mas que enche de esperança a essência
Não brigo, não discuto, para os pobres de alma apenas o luto das palavras, todo o déficit da minha atenção
Para os sãos de corpo e coração meu querer, o contrário da desídia, minha mais branda dedicação
Meus sonhos, meu tudo, meu zelo, minha paz, meu sossego, dia de frio acompanhado e de calor compartilhado, minha mais sublime intenção
Para que possamos nos manter longe desse desmantelo de ser artistas nesse covil de pobreza, vivendo de murmúrios juvenis
Livrando-nos do mal pela oração, orando e cometendo acertos, errando e limpando a trilha deixada no chão
A quietude de alma me convém, satisfaz, evolui, me remete à forra, me faz cidadã do além
Guardo novas frases no meu coração, produzo com grande facilidade, fábrica de amor é o meu peito, consolado pela aspiração de, se der errado, amanhã ter uma nova chance e novamente tentar, com o novo dia amanhecer
Dos devaneios do meu peito alimento o vício de amar, serena, minha alma proclama o meu querido, a quem pouco ofereci, do muito que ainda tenho para dar    
Tenho para mim que a felicidade é um estado de espírito
Sem nome, sem endereço, com nada nas mãos, aguardo a nova chance de amanhecer
Não levo nada, a não ser a liberdade, companheira dessa tal felicidade
Imã da alegria de viver, alimentada pelo vício de reconstruir, de florescer

Roberta Moura




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