Quem sou eu

Minha foto
Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Justiça de dentro pra fora


Meu senso de justiça é bem maior e maia apurado que minha piedade pelo próximo
Na verdade é quase que total na pequena imensidão do meu introspectivismo
As chaves e lágrimas perdidas, os nós desatados e, de vez, amarrados, elas jamais voltarão a fazer parte de mim novamente
As músicas que embalam minha existência, as letras que rubrique na história da humanidade, perdidas aos quatro ventos, no fundo de uma caixa guardada no guarda-roupas
Poucas palavras e sentimentos que hoje tão somente servem de pretexto para juntar novos amantes, juras eternas de pouca duração
Quando chega setembro parece que tudo se renova, que devo arrumar o armário, escrever novas bobagens, exorcizar-me
Renova-se a esperança, a cada brilhante ciclo de doze meses, e quantos meses, e quantos anos ainda contarei, quando me darei conta de que não mas tenho o que contar?
Por que ainda ando e paro pensando no amor vivido, a idade aponta nas cores do meu cabelo, o vestuário que não me cabe mais, e o que não cabe mais em mim
Não conto mais nos dedos os meus erros, e ao chegar ao meio, percebo que nada tem mais tanta pressa para chegar
Telespectadora ativa, endeusada pela crença nesse amor, na subsistência dos serviçais, cravada nos pés da cruz lamentável, vida cruel
Assovios zombem nos meus ouvidos, sinais de chegada e de saída, surda de sensibilidade, peço a mim mesma mais um pouco de paciência
Clama a minha lucidez!
Vândalos sentidos, calem-se todos e deixem a sabedoria do silencia me levar para o outro lado, planear sob as cabeças, deletar-me no vagar das almas límpidas, que me permitem sentir-me semideus
Roberta Moura

Nenhum comentário:

Postar um comentário