Quem sou eu

Minha foto
Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A falência das expressões


Contemplando o silêncio questiono a essência das coisas
Apanho pedras que surgem no meu caminho, levo-as para onde vou, carregou-as no bolso direito, para que facilmente possam ser sacadas face a um iminente ataque
Paro e espero o efeito borboleta que a tempos prometera passear no meu jardim
Não tenho muita sorte com coincidências, elas tendem a covardemente incriminar-me
Busco uma verdade perfeita, como nos filmes de Almodovar, com o colorido dos olhares fáceis
A opacidez dos dias me suga, carrega-me em seus braços leves, bolha os meus pensamentos
Vagos relances me distraem, suturo o tempo devorando o trabalho, construindo um império que não me pertence
Duas coisas que detesto perder: tempo e dinheiro
Analiso e reviro papéis, todos entupidos de ausência, cheirando a cobre
Canso-me do mesmo
Encho-me do nada
Emudeço mais uma vez e tento segurar a lágrima sorrateira que tenta brotar dos meus olhos, devolvo-a ao globo ocular, impeço o seu previsível trajeto, me recomponho
Navego no piloto automático
Recuso-me a disfarçar tamanha frustração, não pergunte como foi meu dia
Não pergunte como ele se saiu na avaliação do concurso, não pergunte sobre a prova de vestibular que a moça não obteve êxito, são todas interrogações tolas que não modificarão os resultados
Pelo menos tenho panelas e letras que me servem de abrigo e que me acompanham desde a infância
Será que só eu percebo?
Para onde foi todo mundo?
Existe uma linha tênue entre alguns sentidos, como a sinceridade e a grosseria, entre a verdade, o dolo e a inocência, entre o mero aborrecimento e a injustiça
O silêncio habita em mim, chegou sem pressa de sair, sem querer me deixar, tentando me agradar
Respeito-o, curto-o, calo-me
Assim, poderei observar melhor o que se passa ao meu redor, por alguns instantes sinto-me como figurante desse filme infinito em película de 35 milímetro, com uma direção de gosto duvidoso, mas de roteiro impressionante


Roberta Moura

Nenhum comentário:

Postar um comentário