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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O Tempo é Mercurio Cromo



Intangível óvulo da ânsia, que não fecunda em minha teia, que me quer padecer
O tempo é Mercúrio Cromo desses desprazeres da vida, das desavenças, de quem nada tem a oferecer
Como se estivessem sempre um passo a frente, como se o tempo e o espaço conspirasse contra o bel-praze
Solto palavras, distorcidas denuncias que me faz fenecer a alma, a mim e aos olhos sentidos, esperançosos, dos que desejam paz
O tempo passa a ser percebido pelas suas menores unidades, e o universo é pouco para um sistema falho de comunicação, contatos imediatos e coincidências, tão percebidamente provocadas, vilipendiando a inocência de querer contribuir, de quererm compreender
Dizem que no ´sétimo dia tudo estará refeito, o renascimento é o múltiplo da dor do nascimento, de refazer
Pólvora alimentada pela incúria, pelo acometimento, falho ato de guerrilha, desnecessário tiro
Indicador dedo de Cain, puxando o gatilho de seus dissabores contra Abel, cerrados olhos que padecem, desapontados sensos de humanidade, carregando um átrio mal-acabado, atroz torpor do deparo, senha calculada do ofender
Mesmo diante de tanta confusão e asneira, preciso ser sincera em dizer que ainda me choco com a desdenha, com coisas corriqueiras do cotidiano, com certas asneiras
Desnecessárias preces à um deus pagão, vaidoso cálice da mentira, fixado em uma eterna noite, na solidão
Pueril recado, com todo o acaso do desconsolo, com toda minha previsibilidade e integridade burra, com o meu senso inútil de justiça, mais uma vez padecendo sobre a fatuidade de aparecer
É certo pensar que, a mim, nada custaria puxar um tapete barato ou tornar-me cavalo nesse jogo chinfrim de xadrez
Se, apesar do que sou não me elevo a nada, para quem mente assim a alma respira aleivosia, pouco demais para o mundo que quero praticar, e o que ainda tenho para aprender
O que me sanha não são os livros espalhados pela sala, nem o perfume das rosas, pão e sonhos que não sai do meu nariz, o que me rasga a madrugada, o que me esfola a alma é ver meus vestígios, meu nome completo exposto aos sórdidos, coisas minhas, espalhadas pelos becos, completas de meias verdades, ungidas de falsidade, sem maiores contribuições, falidas instituições, sem que possam verdadeiramente me reconhecer
A minha história conto eu, do meu jeito, da forma que eu quero, vestindo o meu personagem predileto, costurando frases e sonhos, inventando poemas e descobrindo fábulas no meu dia-a-dia, sou sim quem quero ser
Nem mesmo uma Helena de Manoel Carlos eu gostaria de equivaler, se essa história não me coubesse, se não fosse minha de fato a foto na revista, se não fosse eu que expusesse nos jornais tudo aquilo que quero fazer
O que todos sabem de mim que só eu não posso saber?
Meus sonhos, desmazelos e desejos, minhas falhas e vontades, coisas que poucos precisam saber
A mim não cabe a acusação ou absolvição desse caso sem veredicto, visto que a mim não cabe o papel de vítima nem de réu, apenas mais uma testemunha dos deleites e desagrados da vida, na tentativa simples de ensinar, contribuir com o pouco que tenho, de tornar-me amigo, de ajudar a evoluir, a crescer

 
Roberta Moura





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