Quem sou eu

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Todos os dias a Arte me toma de assalto e me leva para a Vida Real. Troco palavras, vejo pessoas, vivo um dia após o outro, como se o de ontem não tivesse existido, como se o de amanhã ainda estivesse muito longe de chegar.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Que seja assim




Não quero nada além do que o amor pode me proporcionar, eu só quero que ele saiba quando estou com medo e me tome nos braços sem fazer perguntas demais
Que note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta, porque preciso da sua presença, mesmo que seja reclamando
Que ele aceite a minha preocupação e não se irrite com os meus cuidados, e se o meu apreço o incomodar, que ele saiba me alertar da forma mais delicada possível, com bom humor
Que perceba minha fragilidade e não sorria de mim, nem se aproveite disso contando vantagem
E que, ao mesmo tempo, use a minha força quando sentir necessidade
Que me entenda quando falar uma bobagem qualquer, ou outro goste um pouco mais de mim que os demais
Que saiba que de nada adiantaria gastar-me na procura de outra coisa ou sentimento que não ao amor que sinto e tenho para dar
Que se estou apenas cansada, ou aborrecida pelas pequenas coisas do dia-a-dia, não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais
Que o amor saiba o quanto dói à ideia da perda, e ouse ficar apenas mais um pouco comigo
Que não bata a porta que posteriormente tentará arrombar na volta, não que aqui estejam todas as suas verdades, mas talvez, suas certezas
Que esse amor seja o reflexo daquilo que ajudou a transgredir seus medos, a amar mais
Que, se me ver chorar com a intensidade dos últimos tempos, ou sem motivo, depois de um dia daqueles,  não desconfie logo que é o culpado, ou que não o amo mais
Que ele seja meu cúmplice nos bons e maus momentos, sem me fazer alarde, nem diga “eu não disse?!” logo depois que eu tenha pisado na bola
Que quando me ver entusiasmada com algo, não menospreze nem diminua minha expressão, por mais que seja uma bobagem qualquer
Que não queira fechar-se no ciúmes ou por medo de possíveis e necessárias mudanças, que ele saiba o quanto é imenso, e que em tudo que faço existe um pouco dele
Que ao menos tente me entender se disser alguma bobagem na frente de mais alguém sem notar
Que não me exponha na hora da raiva ou me ridicularize, e tenha dentro de si que, o-fazendo, está ridicularizando a si mesmo, por menosprezar um amor que também é sua expressão
Que o seu rosto seja o meu brasão, a pátria que devo defender, que me contém
Que, mesmo que esteja longe, tenha os teus traços a minha lingua, o seu sotaque, a sua dicção
Que, mesmo que eu perca a paciência por um minuto ou um dia, perceba que ao amanhecer tudo já vai ter passado, como sempre, e voltarei a ser a mesma daquelas tardes de primavera, a cada dia o-amando mais
Que reconheça a minha vulnerabilidade e a minha vontade, as minhas fraquezas e minhas glórias
Que me veja tomar uma taça ou um litro de vinho sem me recriminar, porque confia no meu discernimento e sobriedade
Que me ligue só para me desejar uma boa noite, e afaste os monstros notívagos da solidão
Que permita que eu o ame à meu modo, as vezes lúdico, as vezes assustado, as vezes apreensivo, mas sempre nosso
E que ninguém, absolutamente ninguém, posa dizer, criticar, ou algo parecido, porque ninguém além de nós sabe o que se passa por aqui, dentro desse pedaço de miocárdio
Só quero um amor que seja bom para mim, do mesmo modo que me faça melhor por ele
Não precisa ser sobrenatural, milionário ou tudo aquilo que nos ensinam a querer, mas que seja o meu reflexo, meu caminho, meu amigo, meu prazer


Roberta Moura

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